Timor-Leste registou este sábado o pior dia desde o início da pandemia da covid-19, com quatro mortes e mais 281 casos, a grande maioria na capital, com as hospitalizações a crescerem, segundo as autoridades. O Centro Integrado de Gestão de Crise (CIGC) informou que os óbitos ocorreram todos em Díli, fazendo aumentar o total de mortes de pessoas infetadas em agosto para 20, e o total, desde o início da pandemia, para 46.

Uma das vítimas mortais foi uma mulher de 73 anos, com história de hipertensão e que tinha dado entrada com síndrome de insuficiência respiratória aguda na sexta-feira, que faleceu no centro de isolamento de Lahane. Morreu ainda um homem de 74, também com história de hipertensão, uma mulher de 36 anos a quem lhe foi diagnosticado síndrome de insuficiência respiratória aguda em 11 de agosto e um homem de 46 anos, admitido hoje no hospital e que morreu com uma embolia pulmonar.

Os dados mostram que nas últimas 24 horas foram detetados 281 novos casos, dos quais 212 em Díli, com o país a registar 71 recuperações, levando o total de ativos a subir para 3.088 e o total acumulado desde o início da pandemia para 13.981.

A taxa de incidência a nível nacional subiu para 16,8 casos por 100 mil habitantes, chegando aos 43,3 por 100 mil habitantes em Díli. Dos casos positivos detetados, cerca de 31% registavam sintomas da covid-19.

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Nas últimas 24 horas as autoridades realizaram 743 testes. O número de pessoas hospitalizadas continua a aumentar, com 61 pessoas em tratamento nos centros de isolamento de Vera Cruz e Lahane, das quais 13 em estado grave, três com ventilação assistida e 10 com oxigénio.

Timorenses deportados após passarem fronteira para participar em cerimónias de artes marciais

O CIGC confirma que durante o mês de agosto foram deportados da metade indonésia da ilha um total de 649 timorenses que atravessaram ilegalmente a fronteira para participar em cerimónias de grupos de artes marciais. Só hoje as autoridades indonésias deportaram 164 pessoas, o que segundo fontes do CIGC está a causar problemas no que toca aos locais de quarentena em Díli que estão praticamente esgotados.

O CIGC explica que uma primeira ronda de testes realizados a 113 pessoas deportadas para Timor-Leste em 13 de agosto e que estavam em quarentena, comprovou que 63 estavam infetados, o que representa uma “taxa de positividade de 55,7%”. Já hoje um dos coordenadores do CIGC, Rui Araújo, disse à Lusa que o aumento de casos parece confirmar que a variante Delta está a tornar-se dominante no país.

Araújo defendeu em entrevista à Lusa que Timor-Leste deveria fazer confinamento geral obrigatório em todo o país, para reduzir a transmissão da variante Delta da covid-19, e evitar o “risco real” do colapso do sistema de saúde. O aumento de casos afetou também os profissionais de saúde, com o centro de saúde de Manufahi “praticamente paralisado” depois de entre 41 casos detetados, 32 serem profissionais de saúde, e entre estes oito médicos”.

Dois dos três únicos pneumologistas do país estão infetados, deixando assim apenas um profissional para atender aos centros de isolamento de Vera Cruz e de Lahane, onde o número de hospitalizados e de casos graves continuar a aumentar. Em Díli há clínicas privadas já fechadas e no Hospital Nacional Guido Valadares (HNGV) há profissionais infetados e isolados o que “está a afetar o funcionamento dos serviços”.

Camas para moderados e graves em Vera Cruz e Lahane estão “a ficar esgotadas” e “basta 10 ou 20 mais casos diários de hospitalização para ter um problema grave”, notou.

Mesmo a questão do fornecimento de oxigénio, que ainda não chegou à fase de alarme, pode ser um problema, já que o país “não tem capacidade de produção suficiente” se houver um aumento exponencial de casos graves.