Na Grécia, onde este ano se viveu a pior onda de calor das últimas três décadas, surgiu entre a comunidade científica a ideia de começar a dar nome às ondas de calor, como já se faz hoje com as tempestades e os furacões, para aumentar a atenção do público a este fenómeno meteorológico, uma das principais causas de morte na região.
As ondas de calor que se verificaram este ano na Grécia deram origem a grandes incêndios que afetaram uma parte considerável do país, tendo inclusivamente chegado às portas da capital, Atenas. O aumento da intensidade e da frequência das ondas de calor tem sido atribuído pelos cientistas às alterações climáticas.
“Este verão muito quente deu-nos uma ideia de um clima futuro dentro de 20 ou 30 anos, quando é provável que tenhamos períodos muito longos de temperaturas muito elevadas”, disse ao jornal britânico The Guardian o investigador grego Kostas Lagouvardos, do Observatório Nacional de Atenas.
“É um comportamento extremo, mas pode tornar-se a norma. Ao contrário do que acontece com outros fenómenos meteorológicos, não é possível ver o calor extremo”, acrescentou o cientista. “Acreditamos que as pessoas estarão mais preparadas para enfrentar um fenómeno meteorológico futuro se esse fenómeno tiver um nome.”
De acordo com Lagouvardos, os cidadãos estarão “mais atentos aos possíveis problemas” que uma onda de calor poderá causar “às suas vidas e às suas propriedades”.
As ondas de calor causam muitas mortes. Não fazem barulho e podem não ser visíveis, mas são um assassino silencioso”, salientou o cientista.
Atenas é considerada a metrópole mais quente do continente europeu e a Grécia é um dos países que mais sofrem com as ondas de calor na região. Recentemente, numa semana em que houve mais de 600 incêndios no país, o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis assumiu que a onda de calor “transformou o país num barril de pólvora“.
De acordo com Kostas Lagouvardos, deveriam ser batizados com um nome específico todos os períodos em que as temperaturas se mantivessem acima de 40ºC durante mais de uma semana. Atualmente, a Grécia usa nomes da mitologia grega para classificar as tempestades e os furacões.