O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, manifestou esta terça-feira preocupação com os relatos de “assédio” e “intimidações” a trabalhadores humanitários no Afeganistão, comprometendo-se em zelar pela sua segurança.
“A segurança de todo o pessoal das Nações Unidas no Afeganistão é a nossa maior prioridade. Estamos a fazer tudo o que está ao nosso alcance, através do contacto permanente com todos os atores relevantes, e continuaremos a fazê-lo para garantir a sua segurança, bem-estar e para encontrar soluções quando necessário”, destacou o antigo primeiro-ministro português.
“Sei que a maioria, especialmente os trabalhadores humanitários, deseja ficar e responder às necessidades dramáticas do povo afegão… mas também partilho as vossas preocupações, ansiedade e dor“, acrescentou António Guterres.
Em 18 de agosto as Nações Unidas anunciaram a transferência de cerca de cem trabalhadores internacionais para o Cazaquistão, por razões de segurança, explicando que estes continuariam a trabalhar à distância.
António Guterres manifestou ainda a sua “profunda gratidão” aos trabalhadores da ONU no país da Ásia Central, especialmente aos afegãos, e assegurou que estes representam “os melhores valores das Nações Unidas”.
Na mensagem, o líder da ONU realçou também que o trabalho humanitário não salva apenas vidas mas “alimenta esperança”.
“A esperança é uma mercadoria cara”, sublinhou o secretário-geral da ONU, garantindo que o organismo vai continuar no Afeganistão e fará todo o possível para garantir a segurança dos seus trabalhadores e ajudar o povo afegão.
Os talibãs passaram a controlar Cabul no dia 15 de agosto, concluindo uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
A tomada da capital põe fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.