A TAP registou um prejuízo de 493 milhões de euros no primeiro semestre, uma redução de 88,8 milhões de euros face a igual período do ano passado.

Apesar da atividade ter continuado muito afetada pelo efeitos da pandemia, a transportadora destaca em comunicado a recuperação sentida no segundo trimestre do ano, com uma subida de 136% no número de passageiros e receitas de 233,2 milhões de euros, o que corresponde a mais 55,5% do que em igual período de 2020. O número de voos duplicou no segundo trimestre.

Os resultados foram também menos negativos, 128 milhões de euros, o que traduz uma melhoria de 65% face a igual período de 2020. Este valor representa uma evolução positiva de 237 milhões de euros face ao primeiro trimestre deste ano e de 58,9 milhões de euros em relação ao segundo trimestre do ano passado.

A receita continua contudo muito abaixo do patamar pré-pandemia. Até junho, a TAP faturou 381 milhões de euros, o que traduz uma queda de 40,7% face ao mesmo período de 2020 que só foi afetado pelo Covid-19 a partir do mês de março. E apesar da “subida encorajadora” da oferta de lugares por quilómetro no segundo trimestre, as contas para a primeira metade do ano continuam 73% abaixo do comportamento registado antes da pandemia. Nesta comparação, os destinos na América Latina, foram os mais penalizados com a imposição de restrições legais às viagens.

Saíram 1.302 trabalhadores da TAP em seis meses

Os custos operacionais caíram 29% no primeiro semestre para os 760,5 milhões de euros, o que é explicado sobretudo pela redução dos gastos com combustível e com os custos operacionais do tráfego. Os custos com pessoal caíram 8,6%, face a um período em que a empresa beneficiou do regime do layoff simplificado.

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A transportadora sublinha que esta redução “é o resultado das medidas de reestruturação executadas pela empresa, nomeadamente da diminuição do quadro de colaboradores num total de 1.302 desde 31 de dezembro de 2020”. Este número representa uma diminuição de 16% da força de trabalho e também do efeito da negociação de acordos de empresa de emergência com os sindicatos que baixaram salários de forma transversal em 25%.

A TAP ainda tem em curso um processo de despedimento coletivo com trabalhadores que não aceitaram negociar rescisões nos termos propostos. O processo foi iniciado com 120 trabalhadores mas na sequência da adesão de 42 colaboradores às medidas de rescisão voluntária, abrange apenas 82 pessoas.

TAP terá de reembolsar 1.011 milhões em 2024 e 2025

A TAP chegou ao final de junho com uma liquidez de 542,8 milhões de euros, com a ajuda do aumento de capital realizado pelo Estado em maio, no quadro das ajudas autorizadas pela Comissão Europeia para compensar os danos causados pela pandemia e que ascendeu a 462 milhões de euros. Este aumento de capital permitiu, diz a TAP; compensar o resultado negativo do primeiro semestre.

A transportadora sinaliza que será elegível para novas compensações para cobrir prejuízos do Covid referentes a operações do segunda metade de 2020 e início de 2021.

Já a dívida líquida também cresceu 80 milhões de euros devido a um maior passivo de locação e a um agravamento dos juros capitalizados do empréstimo de 1.200 milhões de euros do Estado português.

O alívio nos compromissos financeiros negociado com bancos e outros agentes irá manter-se até ao final do próximo ano, mas a partir de 2023 a empresa terá de reembolsar 300 milhões de euros, sobretudo a obrigacionistas portugueses, de acordo com uma apresentação a investidores. No entanto, 65% dos compromissos financeiros da TAP foram adiados para 2024 (481 milhões) e 2025 (530 milhões de euros) quando a empresa terá de mais de mil milhões de euros a obrigacionistas e de leasings financeiros.