O Conselho de Segurança da ONU condenou esta sexta-feira os atentados bombistas em Cabul, que provocaram pelo menos 95 mortos e 150 feridos, e apelou à cooperação de “todos os Estados” para levar os autores à justiça.
“Os membros do Conselho de Segurança sublinharam a necessidade de responsabilizar e levar à justiça os autores, organizadores, financiadores e patrocinadores destes criminosos atos terroristas”, segundo um comunicado da ONU, citado pelas agências France-Presse e EFE.
Os membros do Conselho de Segurança “condenam nos termos mais veementes os deploráveis ataques” perto do Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Cabul.
O Conselho de Segurança disse que todas as partes devem respeitar as suas obrigações ao abrigo do direito humanitário internacional em todas as circunstâncias, incluindo a proteção da população civil.
“Os membros do Conselho de Segurança reafirmam que o terrorismo, em todas as suas formas e manifestações, constitui uma das mais graves ameaças à paz e segurança internacionais. Atacar deliberadamente civis e pessoal que ajuda na retirada de civis é particularmente abominável e deve ser condenado”, lê-se no comunicado.
O Conselho de Segurança salientou a importância de combater o terrorismo no Afeganistão para garantir que o seu território não será usado para atacar outros países. Disse também que nenhum grupo ou cidadão afegãos devem apoiar terroristas que operem noutro país.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, já tinha condenado o atentado em Cabul na quinta-feira, e convocou uma reunião do Conselho de Segurança para segunda-feira, para discutir a situação no Afeganistão
“O incidente realça a volatilidade da situação no Afeganistão, mas também fortalece a nossa determinação, enquanto continuamos a levar ajuda urgente por todo o país para apoiar o povo afegão”, disse então Stéphane Dujarric, porta-voz do antigo primeiro-ministro português.
O ataque terrorista em Cabul foi reivindicado pelo grupo Estado Islâmico da Província de Khorasan (ISKP, na sigla em inglês).
Horas depois do ataque, em que morreram 13 militares norte-americanos, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, prometeu que os autores iriam pagar pelo ataque.
“Não esqueceremos, não perdoaremos e vamos caçar-vos e fazer-vos pagar”, disse Joe Biden.
“Vamos responder com precisão num momento à nossa escolha. Vocês não vão ganhar”, acrescentou.
Os Estados Unidos e os seus aliados invadiram o Afeganistão em outubro de 2001, depois de os talibãs se terem recusado a entregar o então líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, considerado o principal responsável pelos ataques terroristas de 11 de setembro, que tinham acolhido no país.
A invasão também pôs fim ao primeiro governo dos talibãs (1996-2001), que regressaram ao poder no passado dia 15 de agosto, após uma ofensiva que coincidiu com o início da retirada das forças internacionais.
A operação de retirada dos militares dos Estados Unidos terá de estar concluída até à próxima terça-feira, 31 de agosto.
Milhares de afegãos com medo dos talibãs têm afluído diariamente ao aeroporto de Cabul desde 15 de agosto, de onde as forças internacionais retiraram mais de 100.00 pessoas desde então.