Foi preciso deixar passar um dia e meio de congresso e centenas de intervenções de socialistas para que os antigos membros da geringonça, já sentados nas cadeiras do Portimão Arena para a sessão de encerramento, ouvissem praticamente as primeiras referências que lhes foram dedicadas pelo PS. Com a ala esquerda a remeter-se a um silêncio quase absoluto, quebrado por Duarte Cordeiro, ficou para Costa a tarefa de distribuir uns elogios, primeiro — PCP e BE são “exigentes” e “produtivos” — e uns milhões de euros, depois — o que pode complicar o discurso à esquerda, em plena negociação orçamental.
Na intervenção final de Costa, não faltaram anúncios e não faltou dinheiro: a lista de promessas foi extensa e tocou áreas que são caras à esquerda, das leis laborais a várias formas de proteção social. Costa começou pela “habitação condigna” para todos em 2026, e foi aplaudido; seguiu pelos contratos para trabalhadores das plataformas digitais, e mais aplaudido foi; prometeu acabar com a pobreza infantil, e as ovações continuaram; e assim, apoiado no Plano de Recuperação e Resiliência, pôde lançar as bases do Orçamento do Estado que há de entregar em outubro.
Boas notícias para a esquerda? Dificilmente. À porta do pavilhão, os antigos parceiros, representados por dois dos principais estrategas de negociação orçamental, hesitavam. “Queremos verificar de que forma estas medidas vão constar do texto do Orçamento”, explicava Jorge Costa, do Bloco. O momento ainda não permitia fazer uma “avaliação definitiva” das conclusões do congresso, concordava Vasco Cardoso, do PCP.
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