Era inevitável que os níveis de dívida pública aumentassem com a pandemia e o seu impacto. A resposta à crise sanitária obrigou os Estados a aumentar a despesa pública de uma forma que não estava prevista e levou à perda significativa de receitas fiscais por causa das regras de confinamento. Desta forma, os défices orçamentais dispararam e estes são pagos com a emissão de mais dívida por parte das administrações públicas.

Também por isso, as regras orçamentais em vigor na Zona Euro foram suspensas precisamente para permitir que os vários Estados-Membros dirigissem recursos para o combate à pandemia sem o constrangimento inerente ao cumprimento de metas orçamentais e de eventuais multas e outras penalizações em caso de incumprimento.

Sem surpresa, todos os 27 países da União Europeia terminaram o ano de 2020 com um nível de dívida pública medido em percentagem do PIB acima do que era verificado no final de 2019.

Em Portugal, esse aumento foi substancial. A dívida pública bruta era de 116,8% do PIB no final de 2019 e vinha a registar uma trajectória de descida relativamente regular desde 2016. Com a pandemia e o seu impacto nas contas do Estado, a dívida aumentou para o valor máximo de 137,2% no final do primeiro trimestre de 2021. No segundo trimestre deste ano, o indicador caiu para 132,8% do PIB.

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Portugal manteve-se como o terceiro país com o nível de dívida pública mais elevado da UE27 no final de 2020, ultrapassado pela Grécia (205,6% do PIB) e Itália (155,8%).,

A Estónia e o Luxemburgo eram os Estados com menor nível de endividamento, com 18,2% e 24,9%, respectivamente.

Este indicador é obtido a partir dos dados da Direcção-Geral do Orçamento, Banco de Portugal e Instituto Nacional de Estatística. Calcula o nível de dívida bruta das administrações públicas e é apresentado, por regra, em percentagem do PIB do país no mesmo período de observação.

Este artigo faz parte de uma série chamada “Pandemia em Números”, onde se analisa a economia portuguesa na sequência da Covid-19. Trata-se de uma parceria entre o Observador, a Fundação Francisco Manuel dos Santos e a Pordata.