O realizador português Sandro Aguilar vai ter um ciclo dedicado à sua obra no Festival Internacional de Cinema de Madrid (Filmadrid), de 9 a 11 deste mês, nomeadamente para “redescobrir” trabalhos seus inéditos ou pouco conhecidos.

A secção Focos, do festival, vai apresentar uma retrospetiva dedicada à obra do cineasta português, com a apresentação de filmes como “A Zona”, “Mariphasa”, “Voodoo” e “Bunker”, assim como o mais recente, “Armour”.

A primeira parte do Filmadrid realizou-se em junho passado, e incluiu a Competição Oficial, a sua secção Espelhos e “O Ensaio em Vídeo”.

O festival continua agora com duas secções “históricas” do certame: uma Retrospetiva em foco, dedicada ao realizador português, e três sessões de “Vanguardias Live”.

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O Festival Internacional de Cinema Filmadrid foi criado em 2015, pela associação cultural Pasajes de Cine, com o objetivo de descobrir novos caminhos na paisagem cinematográfica contemporânea, e promover a exibição de uma grande variedade de filmes de autor, na cidade de Madrid.

O programa tenta promover as primeiras obras de jovens talentos de forma paralela com as últimas obras de cineastas de renome.

Sandro Aguilar nasceu em 1974 e estudou na Escola Superior de Teatro e Cinema, em Lisboa, onde realizou as suas primeiras curtas-metragens.

Em 1998, juntamente com João Figueiras, que mais tarde viria a criar a Black Maria, fundou a produtora O Som e a Fúria, que a Filmadrid considera ser uma “lendária empresa de produção”, que hoje reúne os nomes de Luís Urbano e Aguilar.

A produtora O Som e a Fúria está na base da promoção do trabalho de ‘autores-chave’ do cinema como Miguel Gomes, Manuel Mozos, João Nicolau, Ivo Ferreira e Salomé Lamas, tendo também no seu currículo os últimos filmes de Manoel de Oliveira, nomeadamente “O Velho do Restelo” e a derradeira longa-metragem do cineasta, “O Gebo e a Sombra”, a partir de Raul Brandão.

De acordo ainda com a apresentação feita pelo festival espanhol, a carreira de Aguilar como produtor tem “frequentemente obscurecido o seu extraordinário trabalho” como realizador, centrado principalmente em curtas-metragens, incluindo obras conhecidas e premiadas, como “Remains” (2002), “Voodoo” (2011), “Sinais de serenidade por coisas sem sentido” (2012) e “Armour” (2020).

Em 2008, Aguilar fez a sua estreia em longa-metragem com a “célebre” “A Zona”, estreada no festival suíço de Locarno, seguida por “Mariphasa”, em 2018, cuja estreia teve lugar na Berlinale – Festival Internacional de Cinema de Berlim, e que será exibida pela primeira vez em Madrid.

“Aguilar tem vindo a construir um conceito estético único desde o início do século”, explica a Filmadrid, acrescentando que a sua filmografia explora, “através de encenações magistrais, as sombras da nossa sociedade, o conceito de fantasma, a fina barreira entre a vida e a morte”.

Finalmente, esta primeira retrospetiva em Espanha dedicada à carreira de realizador de Sandro Aguilar permitirá “conhecer em profundidade um criador de atmosferas densas e hipnóticas, cujas obras submergem de uma forma tão perturbadora como fascinante nas emoções mais insondáveis do ser humano”.

Sandro Aguilar foi distinguido com prémios dos festivais Curtas Vila do Conde, Caminhos do Cinema Português, Gijón e Oberhausen, entre outros galardões, como uma menção honrosa do festival de Veneza, pela ‘curta’ “Sem Movimento”, de 2000.

Foi selecionado para festivais como IndieLisboa, de Turim, Belfort, Montreal e Clermont-Ferrand, e alvo de retrospetivas nos festivais de Buenos Aires (BAFICI) e de Roterdão.

Como produtor e coprodutor, tem em “Cartas da Guerra”, de Ivo Ferreira, um dos seus mais distinguidos filmes.