Não, o SARS-CoV-2 não vai ser erradicado e a Covid-19 não vai desaparecer. À medida que o vírus continua a circular por países ainda por vacinar e a sofrer mais e mais mutações, as esperanças iniciais de por cobro à doença são cada vez menores, assumiu esta terça-feira em conferência de imprensa o diretor executivo do Programa de Emergências em Saúde da Organização Mundial da Saúde.

“Penso que este vírus está aqui para ficar connosco e vai evoluir como o vírus pandémico da gripe, vai evoluir para se tornar outro dos vírus que nos afetam”, disse Michael Ryan. “As pessoas disseram que íamos eliminar ou erradicar o vírus. Não, não vamos, é muito, muito improvável.”

Se o novo coronavírus tivesse sido contido no início, disse na mesma conferência de imprensa Maria Van Kerkhove, a epidemiologista que lidera a equipa técnica de combate à Covid da Organização Mundial da Saúde, o resultado poderia ainda assim ter sido bastante diferente — “Esta pandemia não tinha de ter sido tão má”.

Apesar dos recentes alertas sobre a nova variante Mu, detetada na Colômbia, Maria Van Kerkhove mantém que, para já, a Delta continua a ser a maior preocupação dos cientistas, “por causa da transmissibilidade elevada”.

A OMS estima que a variante Delta, detetada na Índia em outubro de 2020, tenha pelo menos duplicado a capacidade de transmissão do vírus, chegando rapidamente a cerca de 170 países, onde se tornou dominante.

Para já, acrescentou Ryan, a Delta continua a ser “a melhor da turma”, a variante que todas as novas mutações têm de conseguir “superar” para ganharem a atenção máxima dos epidemiologistas. E o mais certo é que surjam mesmo outras como ela. “Nem todas as variantes significam que o mundo vai desabar. Cada variante precisa de ser analisada a partir do potencial que tem para causar doença mais grave, para transmitir e para escapar às vacinas.”

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