Está provado que a eficácia da vacina da Pfizer diminui com o tempo e o mais certo é que, dentro em breve, o resto do mundo tenha mesmo de seguir o exemplo de Israel e de imunizar a sua população com uma dose de reforço.

Estas declarações foram feitas esta quarta-feira ao Financial Times por Philip Dormitzer, vice-presidente da Pfizer e o cientista responsável pelas vacinas virais da companhia, que rejeita todas as acusações sobre as alegadas pressões que terão sido feitas junto de decisores e governos no sentido de universalizar a terceira dose da vacina — necessidade que ainda não foi confirmada pelas autoridades internacionais de saúde e que tem sido catalogada pela OMS como “imoral”, tendo em conta a quantidade de pessoas ainda por vacinar nos países mais pobres.

“O nosso trabalho é criar a ferramenta que vai ser necessária para o problema que se avizinha. Se esperássemos até existirem surtos generalizados de doenças graves para avançar com uma solução, chegaríamos demasiado tarde. Ser muito proativo e garantir que a solução está pronta a usar antes de uma crise é muito importante”, defendeu o cientista.

No final, completou, “a decisão de implementar as soluções” é sempre dos governantes, não da Pfizer.

Os Estados Unidos planeiam começar já este mês, provavelmente a partir de dia 20, a administração de uma dose extra a todas as pessoas que tenham sido inoculadas com a vacina da Pfizer; no Reino Unido também arranca em setembro a primeira fase do programa de reforço, mas apenas para os cidadãos mais vulneráveis. Na União Europeia não há ainda resposta da Agência do Medicamento, que anunciou esta segunda-feira que ia analisar a necessidade de uma terceira dose da vacina, seis meses após a segunda e para todas as pessoas acima dos 16 anos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Questionado sobre estudos recentes que dão conta de uma resposta imunitária mais duradoura à vacina da Moderna, que também recorre à técnica do mRNA mensageiro mas com uma dose três vezes maior, Dormitzer defendeu a vacina desenvolvida pela Pfizer e pela BioNTech e explicou que, no momento de tomar a decisão, foi dada primazia à menor probabilidade de causar efeitos secundários, em detrimento de uma maior cobertura temporal contra o vírus.

“Utilizámos o nível mínimo de dose que nos deu uma resposta imunitária nos adultos mais velhos que era maior do que a resposta imunitária que vimos após a infeção natural”, explicou o cientista. “Tomámos decisões cautelosas e baseadas na experiência e na evidência sobre até onde podíamos ir para conseguir um equilíbrio entre uma resposta imunitária forte e a reactogenicidade”, detalhou ainda, vincando que o objetivo foi sempre manter os efeitos adversos em níveis o mais reduzidos possível.

“Se olharmos para o que se está a passar por aí com todas as vacinas Covid-19, na maior parte das vezes os problemas têm sido os efeitos adversos que têm surgido.”