Avalon Giuliano é cidadã norte-americana, está na casa dos trinta. Tinha 10 anos no dia 11 de setembro de 2001. “Ouvi pela rádio que um avião tinha atingido o World Trade Center, mas nessa altura nem sequer sabia o que era o World Trade Center”, relata ao Observador.

Atualmente vive em Portugal, na cidade de Óbidos, mas nesse dia, estava em Nova Iorque. Quando ouviu a notícia pela rádio, foi contar à mãe. “Ligámos a televisão e vimos o segundo avião a bater nas Torres Gémeas.” Ao olhar para o ecrã, no rodapé da CNN leu que o seu pai tinha morrido no ataque.

Geoffrey Giuliano, pai de Avalon, é um escritor famoso nos Estados Unidos. Terá sido “uma das únicas pessoas conhecidas que estaria nos ataques” e a comunicação social apressou-se em anunciar que fora uma das vítimas porque tinha uma reunião agendada para a hora do ataque.

“O meu pai nunca faltava a uma reunião. Raramente estava em casa e punha sempre os negócios primeiro. Só que nesse dia fazia anos e decidiu não ir à reunião”, conta Avalon Giuliano ao Observador.

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A jovem norte-americana sabia que o pai estava em casa, mas admite que ficou “confusa” quando olhou para a televisão. Mais preocupados, ficaram o irmão e irmã mais velhos, que viviam sozinhos, e que começaram a receber chamadas de amigos, a lamentar a morte do pai.

Jeffrey Giuliano

Geoffrey Giuliano. Arquivo pessoal de Avalon Giuliano

Durante anos, a família recebeu cartas, cabazes e telefonemas de fãs dos livros de Geoffrey Giuliano. Enviavam as condolências pela perda de uma pessoa que, na realidade, estava (e está) viva. “Lembro-me de atender o telefone de casa, do outro lado era um jornalista de uma revista semanal que, ao perceber que eu era muito nova, ficou muito atrapalhado. Pedi-lhes que esperassem e passei o telemóvel ao meu pai”, conta a filha de Geoffrey ao Observador.

Avalon Giuliano relata que o pai reagiu bem a toda esta confusão. “Ele era muito bom com a imprensa, estava habituado por causa dos livros. Na verdade, este episódio trouxe muita fama a um livro que ele estava para lançar na altura! Mas depois o meu pai começou a explicar às pessoas que não estava no World Trade Center no 11 de setembro porque não tinha ido à reunião.” Ainda assim, assume que foi muito desconfortável para a família.

11 de setembro. “CNN deu o meu pai como morto, mas não era verdade”

Avalon explica que era muito nova — “uma millenial” — se, por um lado, se apercebeu que este era um momento “trágico”, por outro confessa que ainda nem “percebia o que era a morte”. Agora, com mais de 30 anos, Avalon Giuliano diz que consegue ver como o atentado nas Torres Gémeas afetou toda uma geração, “especialmente para as crianças de Nova Iorque”.

Agora sabe o que é a morte, recorda o 11 de setembro como um acontecimento “absolutamente horrível”. Já quanto ao seu lado da história, diz estar “muito feliz que o meu pai não tenha partido”. Avalon Giuliano admite que a sua vida teria sido muito diferente caso as coisas tivessem corrido mal para a sua família. “Esta teria sido uma história diferente.”