O candidato da CDU à Câmara de Bragança, António Morais, insurgiu-se, esta quarta-feira, contra a menorização da Assembleia Municipal, o órgão autárquico com o papel deliberativo que considera tem sido menosprezado pelo executivo.

“Há deliberações que a assembleia toma e o executivo depois mete na gaveta, que é a ofensa maior que pode haver, um atentado do ponto de vista democrático”, considerou o candidato da coligação entre PCP e PEV (Partido Ecológica os Verdes), que em todos os órgãos municipais do concelho de Bragança tem um eleito na Assembleia Municipal.

A aposta da CDU para as eleições do dia 26 é “o reforço substancial” da representação neste órgão autárquico, onde esta força política tem centrada a ação no concelho de Bragança, liderado há 24 anos pelo PSD, com maioria absoluta na Câmara e na Assembleia.

O candidato aponta exemplos de decisões da Assembleia que a Câmara de Bragança “meteu na gaveta”, como a indicação para negociar com os proprietários uma solução para a casa em ruínas do Abade de Baçal, uma figura histórica do concelho.

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Segundo António Morais, o Museu Abade de Baçal, que guarda o espólio arqueológico recolhido pelo patrono, estaria aberto a fazer uma parceria para criar uma extensão na aldeia do abade “e não se fez, assim como (a Câmara) não acatou a deliberação para atribuição de interesse municipal ao imóvel”.

“É o menosprezo completo pelo trabalho da Assembleia”, considerou, defendendo que o papel deste órgão autárquico “reforça-se com mais eleitos da CDU e a consciencialização da importância da dimensão política” que tem.

António Morais lamenta que não haja interesse em discutir esta questão, nomeadamente por parte do executivo que “estriba-se numa maioria ampla que tem neste momento e faz tábua rasa de toda uma série de normas”.

A solução, algumas vezes, é o recurso aos tribunais como aconteceu, neste mandato, com a isenção de taxas municipais ao novo hospital privado de Bragança.

A CDU concorre apenas à Câmara e Assembleia municipais, união de freguesias da cidade e à freguesia de Rabal, sendo a terceira força política com mais candidaturas, a seguir ao PS e ao PSD, este último o único com candidatos em todos os órgãos autárquicos do concelho.

O dia de campanha terminou esta quarta-feira na aldeia de Quintanilha uma localidade que “acolhe sempre bem” os candidatos desta força política e onde há pessoas que se lembram de António Morais como técnico do Parque Natural de Montesinho e da relação bem diferente do conflito que existe atualmente entre a área protegida e as populações locais.

Com Espanha e a autoestrada ali ao lado, a melhoria da estrada para a aldeia é a principal reivindicação da população, como ficou expresso na passagem do candidato da CDU que sublinhou à Lusa “a simpatia” com que a comitiva tem sido recebida “em todo lado”.

“A mim emociona-me e comove-me até. Aqui há uns anos as coisas não eram bem assim, às vezes havia situações um bocadinho delicadas”, observou.

Além de António Morais da CDU são também candidatos à Câmara de Bragança Hernâni Dia do PSD, Jorge Gomes do PS, Paula Vieira do CDS-PP, André Xavier do Bloco de Esquerda e Carlos Silvestre do Chega.