O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, pediu, esta quarta-feira, “respostas globais” aos efeitos das alterações climáticas e uma “posição única africana” na 26.ª Conferência sobre Mudanças Climáticas da ONU (COP26).

Discursando na abertura da 9.ª Conferência sobre as Mudanças Climáticas em África, que decorre na cidade de Santa Maria, na ilha do Sal, o chefe do Governo cabo-verdiano começou por apontar vários efeitos das mudanças climáticas, sobretudo nas zonas africanas a sul do Sahel.

O governante sublinhou que a pandemia de Covid-19 veio demonstrar de forma mais evidente os graves impactos globais das alterações climáticas, entendendo que só podem ser mitigados e reduzidos com mecanismos de prevenção, regulação e de respostas globais.

“Esta abordagem, obviamente, não desresponsabiliza cada país individualmente, amplifica, sim, as responsabilidades, para situá-las ao nível do planeta e de compromissos com as gerações futuras”, frisou.

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Neste sentido, o primeiro-ministro cabo-verdiano considerou que, para os países africanos, a conferência constitui um “importante passo” na preparação da COP26 que vai reunir, entre 31 de outubro e 12 de novembro, os líderes mundiais em Glasgow, na Escócia.

“Deveremos aproveitar o debate nesses dois dias na cidade de Santa Maria para prepararmos elementos de uma posição única africana. Constituir uma voz forte, clara e unificada em Glasgow, pois esta COP26 só será um sucesso se a África estiver no centro das negociações”, afirmou.

Depois da Escócia, no próximo ano será a vez de África acolher a COP27, que terá lugar em novembro de 2022 no Egito. “O sucesso da COP26 dará a África o impulso necessário para se preparar para a próxima COP”, perspetivou.

Para o primeiro-ministro de Cabo Verde, o continente africano tem um “papel indispensável” nos esforços globais para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius.

“A África é tomadora de crises. É o continente que produz menos emissões de gases com efeito de estufa – 4% do total – mas que sofre mais as consequências das alterações climáticas”, salientou Correia e Silva, para quem as necessidades energéticas e industriais de que África padece devem ser supridas por tecnologias limpas, eficientes e amigas do ambiente.

“A massificação das energias renováveis é uma grande oportunidade industrial e de criação de empregos. África tem recursos renováveis abundantes”, insistiu.

O governante espera que a agenda de financiamento climático não fique prejudicada devido à crise pandémica.

“O financiamento climático deve estar à altura dos desafios e o seu acesso mais facilitado através de canais bilaterais e multilaterais”, prosseguiu, pedindo igualmente para se encarar “com sentido de prioridade” o alívio da dívida externa dos países em desenvolvimento e dos das zonas africanas do Sahel.

Relativamente a Cabo Verde, o primeiro-ministro disse que as mudanças climáticas são uma “ameaça real” para o arquipélago, e reafirmou a meta de atingir 30% de produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis até 2025, ultrapassar os 50% em 2030 e alcançar 100% em 2040.

Além disso, avançou que o país tem como objetivo atingir 100% da mobilidade elétrica em 2040, começando por substituir, até 2026, 25% da frota nacional de transportes públicos rodoviários por veículos elétricos.

A 9.ª Conferência sobre as Mudanças Climáticas em África reúne mais de mil participantes em formato híbrido, virtual e presencial, e é organizado conjuntamente pelo Governo de Cabo Verde e a Comissão Económica das Nações Unidas para a África (UNECA).