Questionado sobre o aumento da eletricidade já a partir de dia 1 de outubro, tal como anunciado pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, Marcelo Rebelo de Sousa admitiu a “preocupação ampla” e disse que, a confirmar-se, “pode ser um travão ou uma desaceleração na recuperação económica”.
O Presidente participou esta sexta-feira na atribuição do título Doutor Honoris Causa a Leonor Beleza. À margem do evento na Universidade de Lisboa, falou aos jornalistas: “As economias de todo mundo já há algum tempo que estavam a chamar à atenção para o problema do aumento do custo da energia. Até havia quem dissesse que isto vai projetar-se, mais dia menos dia, na vida das pessoas, mas também na economia e na produção. Isto pode ter consequências, por exemplo, na inflação e na subida dos preços”.
“Sei que é uma preocupação ampla, ainda agora em Roma ouvia-se a preocupação de vários países, o de estar a ver-se finalmente chegar aos preços da eletricidade, em geral da energia, aquilo que foi o aumento na origem. Isso a confirmar-se pode ser um travão ou uma desaceleração na recuperação económica”, acrescentou, referindo-se à reunião de chefes de Estado da União Europeia do Grupo de Arraiolos em que participou na quarta-feira.
Como já antes escreveu o Observador, a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos voltou a fazer um aumento extraordinário das tarifas reguladas que sobem 3% a partir de outubro — depois de julho, é o segundo aumento do ano.
Perante a subida imparável dos custos de aquisição de energia elétrica, o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, apelou esta sexta-feira ao Governo para negociar com os partidos, tendo em conta o Orçamento do Estado 2022, uma descida dos impostos dos combustíveis e da eletricidade. Citada pela Lusa, também a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, acusou o Governo de estar mais interessado em proteger “os lucros astronómicos das elétricas” do que o interesse público, por “não fazer nada” em relação ao preço da eletricidade.