894kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Dahlia. No Cais do Sodré, encontram-se à mesa a comida sazonal, o vinil, e os vinhos naturais

Este artigo tem mais de 3 anos

O conceito é inspirado nos "listening bars" japoneses e os discos vão mudando durante a noite — a capa está à vista no balcão. Tanto a carta de vinhos naturais como a da comida estão sempre a mudar.

O interior tem alguns lugares, complementados com a esplanada, e é onde está montado o sistema de som clássico
i

O interior tem alguns lugares, complementados com a esplanada, e é onde está montado o sistema de som clássico

O interior tem alguns lugares, complementados com a esplanada, e é onde está montado o sistema de som clássico

A história

No Dahlia tudo dança e acompanha o compasso da música que vem das boas dezenas de vinis ali em exposição, trocados quando já deram tantas voltas que a agulha não permite mais uma. O balcão com o sistema de som é o primeiro que dá as boas vindas a quem entra neste “listening bar” que é também um bar de vinhos naturais com uma carta rotativa e um restaurante que obedece às danças das colheitas de cada estação.

Inspirado nos icónicos “listening bars” do Japão, David Wolstencroft tinha esta ideia na cabeça que não o largava nem por nada — “queria abrir um lugar orientado para a música e para o vinho”, conta Adam Purnell, o britânico que veio de Berlim assumir a gerência do Dahlia, e que mantém de pé as operações logísticas de ter aberto um conceito híbrido e ainda pouco visto na cidade. Mas David não se atirou para o projeto sozinho: a ele juntaram-se outros três sócios, Hamish Seears, Tiago Oudman e Harrison Iuliano.

O melhor dos dois mundos: a música e o vinho

“Todos os sócios viviam em Lisboa e havia esse sonho do David. Acho que todos se uniram por amor ao vinho natural e acabaram por decidir que agora era uma boa altura para abrir um espaço assim na cidade”, conta Adam, que admite que não tem sido possível parar uma única noite desde a abertura do espaço. “Lisboa está vibrante, nada demove as pessoas de saírem.”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

É difícil chamar o Dahlia só de bar ou só de restaurante, porque ali nenhum elemento se anula, tudo se complementa e tudo tem a sua importância. “Originalmente a ideia era ser um bar, mas o Dahlia tornou-se, organicamente, mais um restaurante, e estamos todos satisfeitos com isso. No entanto, a música e o sistema de som são uma parte enorme deste sítio, uma vez que a música é usada para definir o ambiente da sala. Estamos muito orgulhosos de conseguir uma vibe tão boa na sala e na esplanada”, explica.

O espaço

O primeiro encontro com o Dahlia é com a esplanada laranja, que ocupa parte da Travessa do Carvalho, agora fechada ao trânsito, e que transmite aquela sensação agradável de “estar no Cais do Sodré, sem a confusão do Cais do Sodré”, diz Adam.

Dahlia restaurante

A esplanada tem 24 lugares sentados, enquanto que o interior tem apenas 16 — estão já a trabalhar numa solução para o inverno — e é onde, desde a abertura do espaço, tem havido mais rodopio.

O interior, pensado e decorado por Tiago Oudman, segue a mesma onda colorida, mas com sobriedade, que o exterior, onde o rosa, laranja e azul petróleo se tingem com as madeiras e o mármore das mesas e do balcão, bem iluminado com candeeiros em meia lua.

E se o Dahlia ia ser um “listening bar” à séria também o espaço tinha de ser pensado nesse sentido. Tiago optou por criar compartimentos modulares cor-de-rosa para encaixar as centenas de vinis que estão expostos no restaurante. A música sai de um sistema de som clássico — é ouvida no interior e na esplanada — e faz parte do cenário e da essência do Dahlia, onde se pode ir para ouvir música e acabar de copo na mão e prato na mesa, ou o contrário.

O espaço foi projetado por Tiago Oudman ©DR

A música vai mudando quase sem se dar conta que já toca outro vinil, é tudo feito com o cuidado que a escuta de um disco merece — a capa do vinil que gira em cada momento está disposta no balcão para evitar recursos a aplicações que descobrem “quem música é esta?”. O ecletismo está lá, quase sempre escolhido por David (DJ Trus’me) que está a cargo das escolhas musicais de cada dia.

A comida (e a bebida)

O menu é curto e não é por preguiça, mas sim por conveniência. Até porque tinha de assim ser quando os sócios optaram por ter um restaurante com a carta assente na sazonalidade e naquilo que o mercado e os produtores dão. “Quando há produtos interessantes e os nossos chefs acham que podem fazer algo, então apostamos nisso e experimentamos pratos”, conta Adam. “O menu não é estático, mas também não temos data certa para o mudar, é cada vez mais esse o futuro, que é também uma forma de surpreender as pessoas.”

No dia da visita ao Dahlia, Adam acabou a trazer para a mesa uma corvina numa caminha de pepino e cenoura fermentados, um prato que não está na carta, mas que a frescura do peixe no mercado deu à cozinha uma razão para pôr a criatividade à prova do cliente.

À frente da cozinha está a dupla Vítor Oliveira, antigo chef do Damas, e Gabriel Rivera, que visitam os mercados da cidade — o da Ribeira, mesmo atrás do restaurante, é um deles — e os produtores locais para abastecerem o Dahlia.

“É uma bênção ter o mercado tão próximo, muitos chefes de cozinha sonham com este luxo”, conta Adam. “Conseguimos ter legumes soberbos da nossa principal fornecedora, Elisabete Marques. Também conseguimos trazer de lá peixe e carne excelentes, o que é excitante para os nossos chefs.”

Camarão, beterraba com laranja e frango frito fazem parte do atual menu

Adam faz saber que além de comprarem local, é norma na cozinha do Dahlia usarem o ingrediente na sua totalidade — usando, por exemplo, partes de vegetais que não vão para o prato para fazer pestos caseiros. “O objetivo é desperdiçar o mínimo possível em todos os momentos e respeitar realmente os nossos ingredientes incríveis”, diz.

A carta foi pensada sobretudo para a partilha à mesa, com algumas inspirações do Médio Oriente, como é o caso do flatbread caseiro (3 euros) logo nas entradas — onde também há ostras (5 euros duas unidades) e chips de mandioca finíssimas com uma maionese de pimenta (4,5 euros). A secção seguinte é toda dedicada aos vegetais, com a particularidade de ser possível pedir estes pratos numa versão vegan também, é o caso da beterraba curada, com pedaços de laranja regados a vinagrete de pistachio (6,50 euros), ou do pepino com pickle de maçã verde e azeite de sementes de abóbora (6,50 euros), há também uma couve-flor assada e caramelizada com chimichurri e creme de amêndoas (7 euros) ou um tahini especial (9 euros) para molhar o flatbread, por exemplo.

Couve flor caramelizada ©Dahlia

“Em vez de servirmos um tipo de cozinha, preferimos que esta fosse antes influenciada pelos produtos locais e sazonais disponíveis”, explica Adam. “Os chefs criam pratos para partilhar usando a criatividade e experiência que já trazem. Claro que queremos fazer evoluir o menu a partir de agora e temos tido algumas especialidades todas as semanas.”

De carne e peixe há apenas quatro pratos, dois de cada. Há camarão selado com bisque feito a partir das cabeças e cascas do respetivo, acompanhado com kimchi (10,50 euros) e um prato de lula panada, com arroz frito na tinta da lula, molho aioli e ovas de salmão (13 euros). Nas carnes há cachaço de porco preto, com abacaxi grelhado e tomate fermentado (13,50 euros) e frango frito com molho de sésamo picante (10 euros)

A rematar o menu há duas sobremesas, nenhuma delas muito doce, a muhallabia, uma espécie de mousse com kaffir e xarope de hibiscos e um biscoito de tâmaras com queijo caramelizado em soro e fruta da estação (6 euros).

Mas a carta que atrai mais atenções é mesmo a do vinho, composta apenas por referências naturais com entre 20 a 30 referências nacionais e internacionais (20 euros a 45 euros), de países como Espanha, França ou Nova Zelândia.

A carta é flexível e quando o stock de garrafas acaba Adam compra outras referências

Adam que faz o encanto de aconselhar às mesas que vinho é que vai bem com o quê, garante que só trabalha com pequenos produtores de vinho que utilizam técnicas alternativas e sem recurso a químicos e com a mínima intervenção. “Em Lisboa, há uma cena forte de vinhos naturais, mas continua a haver muita gente que nunca provou e que continua de pé atrás”, afirma. Não compram muito stock de cada vinho para que possam ter uma carta mais flexível e ir mudando quando as garrafas acabam, porque “é essa a magia do vinho natural para o mantermos interessante”.

De referir que todos os vinhos com um asterisco na carta podem ser servidos a copo “para quem vem sozinho ou quer aproveitar e provar várias coisas”, diz Adam, que tem quase sempre a copo dois brancos, dois tintos e um laranja (entre os 5 euros e os 6,50 euros).

Além dos vinhos, há várias opções de cocktails de assinatura como é o caso do Mezcal Negroni (13 euros), um dos best sellers, o Hibiscus Fizz (9 euros) que é mais fresco, ou o Grilled Pineapple Smash (10 euros), com um sabor fumado.

O que interessa saber

Mostrar Esconder

Nome:  Dahlia
Abriu em: agosto 2021
Onde fica: Travessa do Carvalho, 13, Cais do Sodré
O que é: um “listening bar” com pratos sazonais virados para a partilha e uma carta só de vinhos naturais para acompanhar.
Quem manda: David Wolstencroft, Hamish Seears, Tiago Oudman e Harrison Iuliano
Quanto custa: preço médio de 25€/pessoa
Uma dica: experimentar a beterraba curada, laranja e vinagrete de pistachio e a lula frita, arroz frito com tinta de lula, aioli
Horário: Terça a sábado 18h30 às 01h
Links importantes: site, Instagram
Contacto:  967 950 102/adam@dahlialisboa.com

“Cuidado, está quente” é uma rubrica do Observador onde se dão a conhecer novos (e renovados) restaurantes.

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.