O gigante americano Google bloqueou o acesso a duas listas e dois vídeos apresentando candidatos recomendados pelo oponente russo Alexei Navalny durante as eleições legislativas e regionais, que terminam este domingo na Rússia.

Os partidários de Navalny acusaram na noite de sábado a empresa de ter bloqueado no país essas duas listas de candidatos, publicadas no Google Docs, um serviço de processamento de texto online. Na manhã de hoje, os documentos estavam inacessíveis, notaram jornalistas da AFP em Moscovo. “Desculpe. Você não pode ter acesso a este item porque viola nossos termos de serviço”, lê-se uma mensagem do Google.

No Twitter, a equipa adversária também publicou dois links para vídeos bloqueados no Youtube – propriedade do Google – nos quais também são citados candidatos indicados por Navalny. “Este conteúdo está bloqueado no domínio do seu país a pedido de estruturas governamentais”, assinalaram na manhã de hoje as mensagens bloqueando o acesso a estes vídeos.

A equipa de Navalny disse no sábado que recebeu instruções do Google para excluir as duas listas em questão, após um pedido nesse sentido do responsável de telecomunicações russo, Roskomnadzor. Contactado pela AFP no sábado, a Google não comentou.

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Quase nenhum candidato anti-Putin foi autorizado a concorrer às eleições legislativas. Os apoiantes de Navalny estabeleceram uma estratégia chamada de “voto inteligente” destinada a apoiar o candidato em melhor posição para colocar em dificuldades o do partido no poder, Rússia Unida, acrescenta a AFP. A aplicação permitiu saber em qual concorrente votar em cada circunscrição legislativa, mas também em dezenas de eleições autárquicas e regionais realizadas nos mesmos dias.

No passado, essa tática teve algum sucesso, especialmente durante as eleições em Moscovo em 2019. Mas as autoridades, embora tenham banido as organizações de Navalny por “extremismo” em junho, trabalharam nos últimos meses para bloquear todo o acesso a essas instruções de voto.

Já na sexta-feira, a Apple e o Google acataram de imediato a lei russa e removeram a aplicação de telemóvel da oposição, sendo acusados por Alexeï Navalny de “ceder à chantagem do Kremlin”. O Telegram de mensagens criptografadas, muito popular na Rússia, removeu também no sábado um software automático (bot) através do qual os eleitores podiam receber essas instruções de voto.

As eleições legislativas, mas também locais e regionais, começaram na sexta-feira e prolongam-se até hoje.