Carlos Moedas arrancou o seu oitavo dia em Arroios, num curto passeio-inspeção junto de vários devolutos propriedade da Câmara Municipal de Lisboa, parte dos “dois mil fogos devolutos” que a autarquia tem por toda a cidade.
“Não me parece normal que uma cidade como Lisboa não consiga reformular estes prédios que estão por toda a cidade. Muitos deles estão devolutos porque a Câmara Municipal não funciona no urbanismo. É inaceitável para uma cidade como Lisboa. As pessoas já não acreditam que a Câmara vai funcionar”, começou por dizer Moedas aos jornalistas.
Depois de garantir que se vencer as próximas eleições encurtará o prazo de licenciamentos para um máximo de seis meses, Moedas atirou-se àquilo que diz ser a prova provada da incompetência de Fernando Medina.
“Depois de 14 anos desta governação, sobretudo estes últimos de Fernando Medina, houve uma estagnação e uma incompetência que é visível para todos. Há um presidente da Câmara que não sabe gerir. E só temos uma maneira: mudar a Câmara Municipal e essa pessoa sou.”
Confrontado com os desafios colocados pelos movimentos okupas, Moedas reconheceu que estas pessoas vivem uma enorme “revolta”, mas rejeitou que essa possa sequer ser uma realidade num Estado de Direito democrático. “Temos de respeitar sempre a lei. A propriedade privada é a base de qualquer democracia.”
À boleia da pergunta, Moedas lembrou o papel de Manuel Grilo, vereador do Bloco de Esquerda e parceiro de coligação de Fernando Medina, na ocupação do centro de apoio em Arroios.
“Vimos alguns dos vereadores [de Medina] a participarem nessas ocupações. É grave para a democracia porque a democracia tem como base o Estado de Direito e o Estado de Direito tem como base a propriedade privada.”
Desafiado a comentar as declarações de Marta Temido — na véspera, ao lado de Medina, a ministra da Saúde criticou as propostas do social-democrata para a área da Saúde, Moedas disse ser “escandaloso”.
“As suas declarações mostram bem a diferença entre aquilo que é uma política ideológica para a saúde e aquilo que eu defendo. O que vimos foi uma ministra a defender que o sistema só pode ser público. Mais uma vez a diabolizar o sistema. É escandaloso ter afirmações em que se vê uma ministra a referir-se à saúde do ponto de vista ideológico. Mas essa é a visão também de Fernando Medina. Não está preocupado em que as pessoas tenham acesso à saúde, está preocupado ideologicamente em manter um sistema.”
A terminar, nova bicada a Temido. “Pergunto à ministra da Saúde: quantas pessoas não têm médico de família? São 90 mil. E o que é que a ministra da Saúde vai fazer? É a isso que a ministra de Saúde tem de responder, porque os lisboetas estão a sofrer. O que é importante é o acesso à Saúde, não é importante se é privado ao público”, rematou.