Os sete sindicatos dos enfermeiros entregaram esta terça-feira um documento reivindicativo conjunto à tutela com vista à resolução de problemas como a contratação dos profissionais em situação precária e em nome da criação de uma carreira que valorize todos.

Em conferência de imprensa, a presidente da Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE), Lúcia Leite, exigiu a abertura do diálogo e negociações conjuntas, em representação de todos os sindicatos da classe profissional.

“Os enfermeiros estiveram sempre disponíveis nesta pandemia. Estamos a chegar a uma fase em que as coisas estão mais controladas, por isso está na altura de resolver os problemas que os enfermeiros já tinham e continuam a ter”, frisou.

Algumas exigências incluem “a contratação dos enfermeiros que estão em situação precária”, uma avaliação de desempenho “adequada à profissão”, a “correção dos problemas relativos à contagem de pontos” e “condições iguais para enfermeiros com contratos individuais de trabalho e contratos em funções públicas”.

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A dirigente sindical reconheceu que “o Ministério da Saúde teve problemas em olhar para todo o lado em simultâneo” e que “não é na guerra que se limpam as armas”, mas expressou preocupações em relação à situação dos profissionais de saúde.

“A propaganda que tem aparecido na comunicação social incomoda-nos. Nós não alimentamos as nossas famílias a palmas e não nos sentimos satisfeitos quando ouvimos discussões políticas sobre ordenados mínimos de 850 euros quando pagam 1200 euros aos enfermeiros para fazer um trabalho tão penoso”, afirmou.

Os sindicatos exigem a criação de “uma carreira que valorize os enfermeiros, que os pague condignamente e que vá ao encontro das necessidades de progressão de todos”.

“Sabemos que somos o maior grupo profissional do Serviço Nacional de Saúde e que o impacto orçamental é grande, mas isso não pode ser desculpa para sermos tratados de forma diferenciada, valorizando outras profissões e ignorando constantemente os enfermeiros”, salvaguardou.

Lúcia Leite avisou que os enfermeiros terão “de sair para a rua um dia destes” se a tutela não os ouvir depois de darem uma “oportunidade de resolver [os problemas] sem lutas e sem greves”.

Os representantes da ASPE, do Sindicato dos Enfermeiros (SE), do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), do Sindicato dos Enfermeiros da Região Autónoma da Madeira (SERAM), do Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (SINDEPOR), do Sindicato Independente Profissionais de Enfermagem (SIPEnf) e do Sindicato Independente de Todos os Enfermeiros Unidos (SITEU) entregaram o documento no Ministério, mas expressaram desagrado para com o modo como foram recebidos.

“Fomos recebidos em frente aos elevadores, no átrio, e isso deve demonstrar aquilo que os enfermeiros valem para o Ministério da Saúde. Tenho pouco mais a dizer [para além disto]”, resumiu Lúcia Leite em representação da totalidade dos sindicatos.