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O fluxo de lava, resultado da erupção do vulcão Cumbre Vieja, já obrigou à retirada de cerca de 6.000 pessoas, destruiu 320 casas e afetou mais de 150 hectares da ilha de La Palma, no arquipélago das Canárias. Os dados resultam do cálculo mais recente do Instituto Vulcanológico das Canárias, a partir das imagens satélite do programa Copernicus captadas por volta das 8 horas (hora local), mas a lava continua a avançar. Na quinta-feira, efeitos da nuvem de gases e cinzas chega à Península Ibérica.

Esta quarta-feira, os habitantes de Todoque, no caminho da lava, tiveram oportunidade de retirar mais alguns bens essenciais antes de a lava começar a engolir o município, noticiou o jornal El País.

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As pessoas que tiveram as suas casa destruídas ou danificadas vão poder contar com a ajuda do Governo Regional das Canárias. O anúncio foi feito pelo Presidente Ángel Víctor Torres Pérez por se tratar de “uma zona gravemente afetada por uma emergência de proteção civil, que equivale a zona de catástrofe”.

Lava percorreu metade do caminho até ao mar

Entre as fissuras por onde é projetada a lava e o mar, a oeste, distam cerca de cinco quilómetros — com Todoque e outras povoações pelo meio. A lava já percorreu metade dessa distância desde o início da erupção, no domingo, mas como avança lentamente poderá demorar vários dias a chegar ao oceano Atlântico.

Neste momento, quatro das nove bocas estão a expelir lava, que escorre do flanco do vulcão Cumbre Vieja por dois braços (uma norte e outro a sul) e que depois se juntam em direção a oeste. O rio de lava ultrapassa os 12 metros de altura em alguns sítios.

Quanto tempo pode durar a erupção é uma pergunta difícil de responder. Os cientistas do Instituto Vulcanológico das Canárias estimam que possa ser entre 24 e 84 dias, tendo por base outras erupções do mesmo tipo que aconteceram na ilha — a mais recente foi já há 50 anos e durou 25 dias. A erupção mais longa conhecida aconteceu em 1585 e durou 84 dias.

Mesmo depois do fim da erupção será impossível um regresso imediato à normalidade. Primeiro é preciso que os terrenos arrefeçam e se estabilizem, depois avaliar se há risco de nova erupção e se a quantidade de gases e cinzas constituem um perigo para a população e, por fim, analisar as condições das infraestruturas que não foram completamente destruídas.

Cinco respostas sobre os riscos do vulcão Cumbre Vieja, nas Canárias

Mudança dos ventos pode trazer gases para a Madeira e Península Ibérica

A erupção tem emitido dirariamente entre 6.140 e 11.500 toneladas de dióxido de enxofre (SO2) para a atmosfera, segundo medições feitas pelo Instituto Vulcanológico das Canárias. Como conta o El País, entre quarta e quinta-feira a nuvem de gases e cinzas provocada pelo vulcão chegará à Península Ibérica com “consequências que não são claras”. Estes dados foram avançados no Twitter pelos responsáveis do sistema de satélites Copernicus da União Europeia.

O transporte de SO2 e CO(dióxido de carbono) seriam os principais riscos a considerar na região autónoma da Madeira, a norte do arquipélago espanhol. Até esta quarta, com ventos vindos do quadrante norte o transporte “não deverá ser significativo”, informou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera. “Contudo, a partir de quarta-feira, está prevista a rotação do vento, que passará para o quadrante sul pelo, pelo que poderão ocorrer alterações da qualidade do ar.”

A Rede Sísmica da Canárias registou, esta terça-feira, um aumento da amplitude da atividade sísmica, o que pode indicar um aumento da atividade explosiva nas bocas do vulcão (as fissuras por onde a lava sai em repuxo). Há ainda a hipótese de chuva ácida no norte e o leste das ilhas mais montanhosas das Canárias, informou a Agência Meteorológica de Espanha (Aemet).

Em qualquer caso, ocorrendo este fenómeno, só causarás danos à vegetação quando é persistente. Uma chuva como a que pode ocorrer nas Canárias hoje ou amanhã não terá impacto, detalha o Aemet.

Por enquanto, a erupção do vulcão não afetou o tráfego aéreo das Canárias e os aeroportos do arquipélago continuam operacionais.