André Ventura anuncia que o Chega recusa apoiar executivos do PS e da CDU, mas estabeleceu limites para viabilizar a governação de municípios ou freguesias pelo país, desde que assentes em quatro pontos: um plano de acompanhamento dos problemas da etnia cigana, combate à corrupção, redução da subsidiodepêndencia para metade e a existência de um complemento solidário municipal. Feitas as contas, além de freguesias, só será possível viabilizar um único executivo com o PSD (em Santarém).

“Não vamos ceder”, alerta o líder do partido, que justifica a existência de “dependência” do Chega para formar executivos ou para viabilizar orçamentos, tendo em conta, por exemplo, casos em que vereação do partido é “absolutamente definitivos”.

“Há vários locais em que o PS acabou por ficar na maioria, mas o vereador do Chega é fundamental para haver uma maioria que permita a aprovação de um orçamento. Uma coisa é viabilizar um orçamento porque é bom, outra é haver um acordo com o PS”, explica, sublinhando que “não haverá nenhum acordo nem com o PS nem com a CDU que tenha o aval do Chega”.

Já um entendimento alargado com o PSD continua sem fazer sentido aos olhos do líder do partido, que garante que “não haverá qualquer acordo nacional autárquico entre Chega e PSD”. “Nem o PSD nem o Chega quiseram acordo pré-eleitoral, não faz sentido acordo pós-eleitoral. Ou entre o Chega e o CDS ou entre o Chega e o PS”, acrescenta.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Questionado sobre a existência apenas de um executivo em que o Chega pode vir a entender-se com o PSD, nomeadamente Santarém, André Ventura reforça que não se trata apenas de executivos, mas também de autarcas em juntas que podem ser “definitivos” para governar. “Em qualquer caso, seja que acordo de executivo for, qualquer entendimento pontual dependerá do entendimento das quatros exigências”.

O líder do partido até entende que haja “atratividade” em negociar localmente, mas mostra-se preocupado com as pessoas que votaram no Chega e o que esperam do partido. Assim, prefere ser oposição do que estabelecer acordos. “Em casos que não há outra hipóteses, como Moura [que só tem vereadores do PS, CDU e Chega], eu acho que o Chega tem que exercer o seu papel, que eu acho que é de oposição“, aponta.

Disponível para avaliar “caso a caso”, André Ventura diz que é preciso que o Chega fale a uma só voz, porque “não pode haver um Chega em Lisboa, outro em Moura, outro em Loulé”. “O Chega é um só e tem propósitos e objetivos comuns”, apontou o líder do partido, numa altura em que anunciou uma convenção de autarcas para “definir o caminho” dos próximos passos.

E vai mais longe: “Os que em nome do Chega viabilizarem solução socialista estarão a violar regras do partido.” Desta forma, André Ventura deixa claro que as “instruções do partido” são para seguir por todos os autarcas eleitos e que o partido será “implacável a nível disciplinar” com todos os que atuarem “à revelia da direção”, estando mesmo em cima da mesa a expulsão do partido.

Sobre as linhas vermelhas que estabelece para acordos, André Ventura destaca que “a grande votação massiva no Chega ocorre onde há comunidade cigana com grande presença” e faz uma ligação entre os dois pontos. Perante tal equação, e “mesmo correndo riscos”, assegura que só haverá acordos que incluam a existência de “um plano específico de acompanhamento dos problemas da etnia cigana nesse município”.

O líder do Chega diz mesmo que é “relativamente indiferente que seja inconstitucional ou não”, mas o líder do Chega considera que não se trata de um “plano de perseguição” e sim um “plano municipal para identificar problemas de subsídio-dependência, como resolver esses problemas, defesa dos direitos das mulheres e das meninas que são retiradas das escolas e aquilo que podemos fazer para que a comunidade cigana tenha de fazer para cumprir as mesmas regras do que todos os outros grupos étnicos e comunitários”.