Cerca de 700 imigrantes de origem subsaariana tentaram esta sexta-feira sem sucesso, usando táticas militares, saltar a fronteira entre Marrocos e o enclave espanhol de Melilla, no norte de África, informaram as autoridades da região.
Fontes da delegação do Governo espanhol em Melilla, citadas pela agência Efe, disseram que os imigrantes se repartiram em grupos muito grandes, a fim de dividir os agentes que guardam o perímetro da fronteira, havendo até 700 imigrantes concentrados num só grupo.
Segundo a Guarda Civil (correspondente à GNR portuguesa), os migrantes utilizaram “táticas militares” para dividir as forças de segurança que guardam a cerca que divide os dois países, o que mostra que os subsaarianos estavam “perfeitamente organizados”.
O grupo anti-intrusão da Guarda Civil mobilizou todos os seus recursos e conseguiu controlar os movimentos realizados pelos imigrantes, segundo esta força de segurança. A Guarda Civil, ” sempre em contínua coordenação com as forças de segurança marroquinas”, impediu os imigrantes de chegar à vedação, segundo a delegação do Governo.
Foi a segunda madrugada consecutiva em que o perímetro fronteiriço esteve sob pressão migratória, depois de outro pequeno grupo de 25 subsaarianos ter também tentado, sem sucesso, entrar irregularmente em Melilla nas primeiras horas da manhã de quinta-feira.
A última entrada em massa de migrantes em Melilla teve lugar no final de julho, quando 238 migrantes conseguiram atravessar a vedação.
Localizadas no norte de Marrocos, Melilla e Ceuta são as únicas fronteiras terrestres da União Europeia com África e atraem muitos migrantes que procuram regressar à Europa para escapar à pobreza.
As tentativas de atravessar as vedações de vários metros de altura destes dois enclaves são bastante frequentes e por vezes resultam na morte de alguns dos migrantes.
Em meados de maio, mais de 10.000 migrantes, na sua maioria marroquinos, aproveitaram uma flexibilização dos controlos do lado marroquino para entrar no enclave de Ceuta, desta vez por mar ou pelo dique que marca a fronteira.
Marrocos continua à espera de uma resposta de Espanha sobre caso de Brahim Ghali
Esta excecional vaga migratória teve lugar num contexto de uma crise diplomática entre Madrid e Rabat, causada pela receção em Espanha, para tratamento Contra a covid-19, do líder do movimento de independência saharaui da Frente Polisário, Brahim Ghali, um inimigo declarado de Marrocos.