A Human Rights Watch (HRW) acusou esta sexta-feira os talibãs de “sufocarem” os meios de comunicação no Afeganistão com uma série de restrições à liberdade de imprensa, impostas após terem tomado o poder, em meados de agosto.
“Apesar das promessas dos talibãs de permitir o funcionamento dos meios de comunicação social que respeitem os valores islâmicos, novas regras estão a sufocar a liberdade dos meios de comunicação social no país”, disse a diretora da HRW para a Ásia, Patricia Gossman, em comunicado.
As regras impostas pelos talibãs são “tão abrangentes que os jornalistas estão a censurar-se a si próprios e temem acabar na prisão”, acrescentou a responsável da organização de defesa dos direitos humanos.
A organização examinou as regras distribuídas pelo Ministério da Informação e Cultura dos talibãs aos jornalistas em Cabul, que preveem que os meios de comunicação social não divulguem informações “contrárias ao Islão”, insultos a “figuras nacionais” e “assuntos que não tenham sido confirmados por [fontes] oficiais”.
A HRW denunciou ainda vários casos em que os talibãs detiveram e espancaram jornalistas.
As denúncias da ONG sobre a crescente repressão dos meios de comunicação social seguem-se a outras alegações feitas por organizações internacionais.
Os Repórteres sem Fronteiras (RSF) consideraram que as normas impostas pelos talibãs abrem a porta à censura e à perseguição, num país que já sofria de graves limitações na liberdade de imprensa.
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Na classificação da liberdade de imprensa estabelecida anualmente pelos RSF, publicada meses antes da tomada do poder pelos talibãs, o Afeganistão estava em 122.º lugar entre 180 países.
Cerca de 150 dos 500 meios de comunicação social do país, incluindo estações de rádio e televisão e agências noticiosas, fecharam um mês depois de os talibãs capturarem Cabul, em 15 de agosto, de acordo com o observatório independente afegão para a imprensa livre “Nai”.
Em paralelo, centenas de jornalistas e outros profissionais da comunicação social deixaram o Afeganistão nos voos internacionais organizados para a retirada de pessoas, temendo represálias.