O ex-presidente moçambicano Joaquim Chissano disse esta segunda-feira que os apelos para a paz no centro de Moçambique devem continuar, defendendo esforços para evitar que outros guerrilheiros sigam o caminho de Mariano Nhongo, líder dissidente abatido pelas forças governamentais.

“Os apelos devem continuar. Se soubermos que há alguém que quer tomar as redes de Nhongo e continuar a fazer o que eles faziam, estes apelos devem ser dirigidos a estas pessoas” e “os esforços para evitar [o mesmo problema] devem continuar”, disse Joaquim Chissano, reagindo à Lusa sobre a morte de Nhongo.

Mariano Nhongo dirigia a autoproclamada Junta Militar da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), dissidência do partido, responsável por ataques armados no centro de Moçambique desde agosto de 2019. Para Joaquim Chissano, o diálogo para resolver diferenças políticas deve ser sempre uma prioridade em qualquer situação, mas quando o alvo dos ataques é o povo o Estado é obrigado a agir. “Nunca desejei a morte de ninguém, mas o povo tem de ser defendido. E quando se defende [o povo] pode surgir um choque com o inimigo”, declarou o antigo chefe de Estado moçambicano, acrescentando que houve sempre espaço para que Nhongo optasse pelo diálogo. “Sempre tivemos a esperança de que ir-se-ia encontrar uma solução”, frisou o antigo Presidente, manifestando-se também solidário com a família de Mariano Nhongo.

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O grupo de antigos guerrilheiros que era liderado por Nhongo tem contestado a liderança da Renamo e os termos do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) decorrentes do acordo de paz de agosto de 2019.

A autoproclamada Junta Militar da Renamo tem protagonizado desde então ataques armados no centro de Moçambique que já provocaram a morte de 30 pessoas.

Durante as celebrações do Dia da Paz em Moçambique, há uma semana, o Presidente moçambicano prometeu-lhe a integração no processo de DDR, numa altura em que as forças governamentais reforçavam as suas operações no centro de Moçambique, mas não houve resposta.

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No âmbito do DDR decorrente do acordo de paz de agosto de 2019, um total de 2.307 ex-combatentes da Renamo já foram para casa, de uma meta de cerca de cinco mil antigos guerrilheiros.