A economia portuguesa deverá crescer 4,3% em 2022, estimam os economistas do NECEP, o Católica Lisbon Forecasting Lab. Embora seja uma taxa de crescimento historicamente elevada, na trajetória de recuperação da económica após a recessão pandémica, este valor fica muito abaixo das previsões macroeconómicas em que assenta a Proposta de Orçamento do Estado para 2022, entregue esta semana na Assembleia da República pelo ministro João Leão.

“Para 2022 é esperado um crescimento de 4,3% que permitiria, em princípio, um nível de atividade equivalente a 99% de 2019”, afirma o NECEP em nota distribuída esta quarta-feira. Esta taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) contrasta com os 5,5% que estão inscritos no Orçamento do Estado.

Mesmo em torno de 2021, “a incerteza é ainda grande pelo que o crescimento este ano poderá oscilar entre 3,2% e 4,2% em função da intensidade das limitações à atividade económica e da dimensão do apoio orçamental às empresas e famílias mais afetadas pela crise”. Ainda assim, “tudo indica que o nível de atividade da economia portuguesa terá sido, no terceiro trimestre, o maior desde o início da pandemia e das políticas de confinamento introduzidas em março de 2020”.

“A economia portuguesa deverá ter crescido 1,5% em cadeia ou 2,9% em termos homólogos, pelo que deverá estar a operar a cerca de 95,6% do nível do 4º trimestre de 2019, o último sem efeitos da pandemia e dos confinamentos”, nota o organismo. Porém, “a retoma da fileira do turismo e das viagens internacionais foi importante, mas o nível de atividade está ainda muito abaixo do normal“, afirma o NECEP.

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Por outro lado, o organismo liderado pelo economista João Borges de Assunção antecipa que “as tensões inflacionistas que se observam, nomeadamente, a nível europeu e nos EUA deverão manifestar-se também em Portugal, com uma inflação esperada de 1,0% já este ano e de 1,3% em 2022″. Também aqui há um contraste com a inflação de 0,9% prevista pelo Orçamento do Estado para o próximo ano.

Já o desemprego poderá ficar abaixo dos 7% já em 2021, com um cenário central de 6,7%, evoluindo depois para 6,2% no próximo ano. Em todo o caso, poderão ocorrer aumentos temporários no desemprego, relacionados com o ajustamento do mercado de trabalho após a forte intervenção pública a que foi sujeito”, afirma o NECEP.

A partir de 2023, “o crescimento deverá abrandar para cerca de 2%, com o previsível regresso a medidas de consolidação orçamental em 2023 como forma de reduzir a dívida pública para níveis sustentáveis a médio e longo prazo.