Por mais 50 euros compraria uma versão melhorada Nintendo Switch, a consola de videojogos híbrida (tanto dá para jogar em modo portátil como ligada a uma televisão) da empresa japonesa? “Quão melhor é em relação à versão padrão à venda, a Nintendo Switch ‘V2’?”, perguntarão. Foi isso que tentámmos perceber ao experimentar a OLED, o novo modelo topo de gama da consola com um ecrã de sete polegadas. Depois de muitas horas de jogo, difícil foi não ficar a olhar para o ecrã.
Na prática, esta nova Switch interessa a quem usa o modo portátil da consola. Os comandos Joy-Con permanecem iguais, os jogos são os mesmos e o sistema operativo em nada muda em relação à Switch normal à venda, a versão “V2”, de 2019 (substituiu a V1, de 2017), ou ao modelo Lite, que não permite ligação à televisão.
Pouco muda, portanto, mas o que foi alterado faz muita diferença. Além do ecrã tátil, que agora é maior (o das versões anteriores, que era de LCD, tem apenas 6,2 polegadas) mais nítido — como o dos smartphones topo de gama –, também a patilha traseira foi redesenhada. Com esta mudança de design, passa a poder-se colocar facilmente a consola em modo portátil em cima de qualquer superfície, uma alteração que também facilita a colocação de um cartão de memória micro SD. Há ainda novas colunas melhoradas, que emitem som com menos interferências.
Apesar das melhorias, esta não é uma versão Pro da Switch, como se chegou a esperar. A bateria pode já ser a da V2 (o primeiro modelo, a V1, de 2017, tinha pouca autonomia), o que permite jogar em modo portátil (sem estar ligada a um cabo) entre 4,5 a nove horas. Adicionalmente, a capacidade de armazenamento interno dobra para 64GB (as outras versões têm apenas 32GB). Contudo, em relação ao processador, placa gráfica e memória RAM, não há alterações. Não há também imagens em modo portátil com resolução em 1080p, característica que continua a ser possível apenas quando a consola está ligada à televisão ou em 4K.
Estes últimos pontos podem entristecer quem esperava por uma versão Pro da Switch — evolução que por exemplo, a PlayStation já fez com a PS4 Pro. Ou seja, um modelo mais potente da consola em todos os aspetos. Porém, há vantagens nesta atualização menos ambiciosa: todos os periféricos, caso dos comandos Joy-Con e jogos já existentes, vão funcionar. Até a antiga base para ligar o dispositivo a uma TV é compatível, ainda que com algumas diferenças. A nova “dock“, como é muita vezes apelidada, vem incluída com a consola, tem linhas curvas no topo mais acentuadas e, na parte traseira, a patilha, que agora é removível, tem mais espaço para orientar os cabos.
Mais leve, mais barata e com mais bateria: vem aí uma nova Nintendo Switch, apenas portátil
A nível de entradas, apesar de manter o adaptador AC para carregamento e uma entrada HDMI, a base desta Switch OLED perde a entrada USB 3.0 — as duas USB laterais continuam a existir. Além disso, a dock ganha uma entrada LAN para uma conexão por cabo à internet que permite ligações à rede mais estáveis (nas versões anteriores, era necessário comprar um acessório extra para este tipo de ligação).
Relativamente às dimensões, tanto a dock como a consola mantêm praticamente o mesmo tamanho comparando com o modelo padrão (o modelo Lite não tem dock nem comandos Joy-Con amovíveis, pelo que não é comparável neste ponto). Por outras palavras, nesta “nova” Switch, o ecrã OLED diz tudo. Porquê? Porque, no final do dia, a vantagem da consola continua a ser o facto de permitir de forma rápida tirar a consola da base e continuar a jogar em movimento ou noutro local sem estar preso a uma televisão.
Um ecrã OLED que faz a diferença
Estávamos reticentes quando experimentámos a consola pela primeira vez. Para todos os efeitos, e depois de sabermos todas as diferenças, continuava a haver a questão: um ecrã diferente compensa assim tanto? Resposta fácil: sim. Quando se compara diretamente com a Switch padrão, esta consola é claramente melhor. As imagens são mais nítidas e brilhantes e o som das colunas tem bastante menos interferência. Olhando para os dois modelos, poderá até dizer-se que a versão padrão parece um protótipo daquilo que é a OLED.
De repente, controlar a personagem de Samus Aran — estamos a testar o novo jogo da saga Metroid, o “Dread”, nesta consola –, é uma experiência com mais vida e mais imersiva. Por vezes, era mais apetecível jogar sem estar ligado à televisão porque o ecrã melhora bastante a qualidade de imagem e de jogo.
As outras alterações, como a nova patilha traseira que é menos propensa a partir-se e tem vários modos para pousar a Switch, são apenas afinações numa das consolas que mais têm cativado o mercado e os jogadores nos últimos anos: mais de 84 milhões de unidades vendidas em todo o mundo. Mudávamos alguma coisa? Porventura, a entrada para jogos físicos, que podia ser mais fácil para abrir e colocar jogos.
Para quem é esta nova Switch? E vale a pena comprar se já tiver outro modelo?
A versão OLED é a Nintendo Switch para quem não tem uma destas consolas e quer ter. A versão Lite, que não permite ligar a uma televisão, e a atual versão padrão, a tal V2, podem ser mais baratas (atualmente, custam cerca de 300 e 220 euros). Contudo, a diferença de preço deste novo modelo, que custa cerca de 350 euros, compensará pelo ecrã OLED e a capacidade de armazenamento. Neste momento, e até a Nintendo anunciar uma nova versão ou dispositivo, esta é a melhor consola da empresa japonesa.
Para quem já tem uma versão Lite ou a V2, a atualização para este modelo não é clara. Para todos os efeitos, principalmente em relação à versão padrão, a principal diferença é o ecrã OLED. Aqui, a pergunta que se faz é: vale a pena gastar mais 350 euros quando se tem uma consola que faz tudo o que esta faz? A resposta não é certa. Quem vai tirar mais proveito desta nova versão é quem utiliza bastante a consola em modo portátil. No modo ligado à televisão, não há diferenças consideráveis para um upgrade.