David Amess, deputado britânico do Partido Conservador, morreu após ter sido esfaqueado esta sexta-feira durante um encontro com eleitores, de acordo com a polícia local. O caso está entregue à unidade de antiterrorismo e a hipótese de ter sido um atentado terrorista será investigada. Há já várias reações à morte do político de 69 anos, incluindo de antigos primeiros-ministros, como Theresa May, John Major e Tony Blair, e de membros do Governo de Boris Johnson. O presidente da Câmara dos Comuns defendeu que, após este ataque, a segurança dos deputados terá de ser revista. 

O primeiro-ministro britânico também reagiu. “Todos os nossos corações estão cheios de choque e tristeza pela perda de Sir David Amess”, disse Boris Johnson aos jornalistas, frisando que Ames era uma das “pessoas mais bondosas, simpáticas e gentis na política” e tinha um “histórico notável de aprovar leis para ajudar os mais vulneráveis”.

Em apenas 10 anos, este é o terceiro crime do género contra parlamentares britânicos e o segundo que resulta em morte. Jo Cox, deputada do Partido Trabalhista, foi assassinada em 2016, em Birstall, Norte de Inglaterra. Antes disso, em 2010, foi o conservador Stephen Timms que foi atacado com uma faca, nos subúrbios de Londres, mas sobreviveu.

Terrorismo é hipótese a considerar

Ao final da tarde de sexta-feira, por volta das 18h30, a polícia local fez uma breve declaração aos jornalistas, onde Ben-Julian Harrington confirmou a morte do deputado e a detenção de um indivíduo de 25 anos por suspeita de homicídio. De resto, o chefe da polícia de Essex anunciou que o caso está entregue à unidade de antiterrorismo e as autoridades mantêm “uma mente aberta” sobre o que aconteceu.

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Por isso mesmo, terrorismo mantém-se como uma hipótese a considerar. A polícia pediu a todos os cidadãos que tenham visto ou filmado o incidente que partilhem eventuais provas com as autoridades.

Amess foi assistido no local do ataque durante cerca de duas horas e meia, mas acabou por não resistir aos graves ferimentos e morreu no local.

Segundo a Sky News, um homem dirigiu-se à Igreja Metodista de Belfairs, em Leigh-on-Sea, em Essex, onde David Amess, de 69 anos, estava reunido com alguns dos seus eleitores, esfaqueando o deputado “várias vezes”. A polícia de Essex confirmou entretanto que o atacante, um homem de 25 anos, foi detido e que a arma utilizada foi encontrada.

No entanto, as autoridades não revelaram, para já, mais dados sobre a identidade do atacante ou as suas motivações, não havendo outros suspeitos relacionados com o incidente.

David Amess MP Stabbed During Constituency Surgery

A polícia já deteve o atacante

David Amess representava o círculo de Southend West desde 1997, tendo sido eleito para o parlamento britânico pela primeira vez em 1983. Durante esses trinta anos de experiência parlamentar, dedicou-se especialmente aos temas do bem-estar animal e a leis anti-aborto.

O deputado era casado e tinha cinco filhos.

Sexta-feira é o dia da semana em que é costume os deputados britânicos contactarem diretamente com os eleitores dos círculos pelos quais são eleitos. Como explica a Sky News, esses encontros costumam acontecer em espaços como igrejas, como foi o caso, e com pouca segurança a rodear os deputados. Normalmente, as sessões são publicitadas e não requerem que as pessoas se inscrevam, pelo que não há conhecimento prévio nem controlo de quem se encontra com o deputado.

Theresa May, John Major e Tony Blair lamentam morte do deputado

Depois de confirmada a morte, e a identidade, do deputado, foram muitas as reações a lamentar o desaparecimento de David Amess. Entre elas, estão dois antigos primeiros-ministros do Partido Conservador, Theresa May e John Major, e Tony Blair, do Labour.

“É de partir o coração saber da morte de Sir David Amess. Um homem decente e um parlamentar respeitado, assassinado na sua própria comunidade e no cumprimento de funções públicas. Um dia trágico para nossa democracia. Os meus pensamentos e orações estão com a família de David”, escreveu May no Twitter.

John Major, num comunicado divulgado pela imprensa do país, diz que “esta é uma notícia verdadeiramente comovente de um homem bom e decente que — por mais de 30 anos — foi um servidor público dedicado.”

Já o trabalhista Tony Blair, citado pelo Guardian, disse estar “chocado e horrorizado” com o assassinato. “David e eu viemos juntos para o Parlamento em 1983. Embora em lados políticos opostos, sempre o achei um colega cortês, decente e totalmente simpático, que era respeitado em toda a Câmara. Este é um dia terrível e triste para a nossa democracia.”

A primeira reação do Governo britânico foi do vice-primeiro-ministro e ministro da Justiça, Dominic Raab. “Estou de coração partido por termos perdido Sir David Amess. Um político de enorme senso comum e uma pessoa formidável a fazer campanha, com um grande coração e uma tremenda generosidade de espírito – incluindo com aqueles que discordavam dele”, escreveu no Twitter.

Da família real, também chegaram condolências. O duque e a duquesa de Cambridge, na sua página de Twitter, dizem-se chocados e tristes com o assassinato do deputado.

Segurança dos deputados vai ser revista

Na reação à morte de Amess, o presidente da Câmara dos Comuns afirmou que, após este ataque, a segurança dos deputados terá de ser revista, escreve a Sky News. “Estou chocado e profundamente angustiado com o assassinato de Sir David Amess. David era um homem adorável, dedicado à família, ao parlamento e a seu eleitorado no Southend West”, disse Lindsay Hoyle, considerando que este acontecimento vai causar ondas de choque em toda a comunidade parlamentar e em todo o país.

Nos próximos dias, precisaremos de discutir e examinar a segurança dos parlamentares e quaisquer medidas a serem tomadas, mas, por enquanto, os nossos pensamentos e orações estão com a família, amigos e colegas de David”, acrescentou Hoyle.

A ministra do Interior, Priti Patel, já pediu a todas as forças policiais que revejam, no imediato, a segurança dos parlamentares, depois de ter presidido, esta sexta-feira, depois do assassinato do deputado, a uma reunião com as forças de segurança, incluindo os serviços secretos, e após ter conversado com Lindsay Hoyle.

A última publicação de David Amess nas redes sociais, um tweet fixado na sua página oficial, é a avisar os seus constituintes onde estaria nesta sexta-feira, 15 de outubro: na igreja Metodista, onde acabou por morrer.