O Partido Social Democrata alemão (SPD), os Verdes e o Partido Liberal Democrático (FDP) chegaram esta sexta-feira a um acordo inicial para darem início a negociações formais para a formação de um governo de coligação na Alemanha, avança a Der Spiegel.
O anúncio foi feito pelos partidos apenas uma reunião em Berlim. Olaf Scholz disse que os três partidos chegaram a um texto conjunto para o resto das negociações e que o resultado “é muito bom”. “Um novo começo é possível caso os três partidos estejam unidos”, disse o ainda vice-chanceler e ministro das Finanças alemão.
A decisão desta sexta-feira é considerada um passo importante para a formação de um novo executivo na Alemanha, num processo que normalmente leva várias semanas ou até meses.
“Estamos convencidos de que podemos concluir um ambicioso e viável acordo de coligação”, afirmaram os três partidos num comunicado conjunto, citado pela Deutsche Welle. “As conversas exploratórias foram caracterizadas pela confiança, respeito e consideração mútuas. Queremos continuar assim”, sublinham ainda os três partidos.
Verdes, sociais-democratas e liberais reuniram-se várias vezes ao longo das últimas semanas para conversas exploratórias. Uma vez que o SPD foi o vencedor das eleições, com 25,7%, Olaf Scholz ficou em melhor posição para chefiar o próximo governo, substituindo a chanceler alemã, cuja União Democrata Cristã (CDU) ficou em segundo lugar, com 24,1%, o seu pior resultado de sempre.
Afastado, à partida, um cenário de grande coligação ao centro entre SPD e CDU, logo após a vitória nas legislativas de 26 de setembro, Scholz abriu a porta a um executivo com os Verdes (14,1%) e com o FDP (11,5%), sendo que, à exceção de uma coligação entre sociais-democratas e democratas-cristãos, não há soluções de governo possíveis sem estes dois partidos.
Mas, se SPD e Verdes têm programas políticos relativamente fáceis de conciliar, a equação torna-se mais difícil com o FDP, uma vez que o partido defende menos intervenção do Estado e assume-se como maior defensor das empresas, contra aumentos de impostos. No entanto, nas conversas exploratórios, os três partidos chegaram a pontos de entendimento que tornam possível a coligação semáforo (em referência às cores das três forças políticas), até agora inédita a nível nacional na Alemanha.
De acordo com a DW, entre os pontos acordados pelos partidos, está a meta de a Alemanha abandonar as centrais em carvão até 2030 — uma das prioridades dos Verdes — bem como o cumprimento do teto da dívida orçamental do país, uma garantia importante para os liberais.
“Se partidos tão diferentes puderem chegar a um acordo sobre desafios e soluções conjuntas, então seria uma oportunidade única para unir o nosso país”, disse Christian Lindner, líder do FDP. Já a co-líder dos Verdes, Annalena Baerbock, disse que esta deverá ser uma coligação de “reforma e progresso para fazer desta década a década da renovação”.
Apesar do anúncio desta sexta-feira, o acordo inicial ainda terá de ser aprovado pelos militantes dos Verdes e do FDP, o que deverá acontecer no fim de semana. Na segunda-feira, os três partidos entrarão, assim, numa nova fase das negociações para a formação do executivo que vai pôr fim aos 16 anos de Angela Merkel no poder.