O Presidente angolano disse este sábado que o mundo “já falou bastante” sobre a necessidade da proteção ambiental e agora “é preciso que se façam ações concretas, pequenas ou grandes”, sob pena de se perder “a casa comum”, o planeta.
“O apelo que faço é que as populações ganhem consciência da necessidade de fazermos ações concretas em prol da defesa do ambiente. O mundo já falou bastante sobre a necessidade de protegermos o ambiente, mas chegamos a um momento que já não basta falar, já não basta ter consciência de, é preciso que se façam ações concretas pequenas ou grandes”, afirmou este sábado João Lourenço, em declarações aos jornalistas.
Segundo o estadista angolano, que plantou este sábado mangais, na zona costeira de Luanda, no quadro da campanha de reflorestação da espécie para redução da emissão de gases com efeito de estufa, a ação que presenciou se “for multiplicada por mil terá impacto na defesa do ambiente”.
O mundo “chegou à esta conclusão que era preciso proteger o ambiente, chegou à conclusão de que o responsável pelos danos que vêm sendo causados ao ambiente somos nós, é o homem, a ação do homem que levou à situação atual”, sublinhou.
João Lourenço apontou a seca, inundações, tufões, furações, tsunamis e incêndios a nível do mundo, considerando “essas desgraças, que o mundo regista nos últimos 10 anos”, são consequências da “irresponsabilidade” do homem.
“Não importa onde esteja. Este é um problema global e é preciso que cada um ali onde esteja contribua para podermos alterar o atual estado de coisa sob pena de perdermos a nossa casa comum, o planeta”, notou.
O Presidente de Angola, ladeado da sua esposa, Ana Dias Lourenço, participou hoje da campanha de reflorestação dos mangais, na comunidade do Tapu, distrito urbano dos Ramiros, litoral sul de Luanda.
Após calçar botas de borracha, João Lourenço, Ana Dias Lourenço, ativistas ambientais e demais membros da sua delegação fizeram-se à zona húmida daquela localidade e procederam no perímetro, em quase meia hora, à plantação de mangais introduzindo as sementes na terra.
Pelo menos 300 mil pés de mangais devem ser plantados naquela localidade de Luanda, no âmbito de um acordo assinado hoje, no local, entre a petrolífera estatal Sonangol e a associação ambiental Otchiva, que trabalha na plantação e conservação dos mangais.
Questionado pelos jornalistas sobre os conflitos do homem e o ambiente, sobretudo na ocupação de espaços para construção em zonas protegidas, João Lourenço disse que “não há razões para conflitos” porque “o que não falta em Angola são terras”.
“O que não falta em Angola são terras, há muita área para construir, é uma questão de as autoridades competentes instruírem os investidores onde construir, não só resorts como casas de habitação e outro tipo de infraestruturas, portanto não há razões para haver conflitos”, notou.
Em relação ao acordo rubricado entre a Sonangol e a Otchiva, que visa a implementação do projeto “Carbono Azul”, iniciativa da petrolífera em parceria com a associação, João Lourenço referiu que se enquadra na política do seu Governo para a proteção do planeta.
A Sonangol “é uma empresa pública, representa interesses do Estado, está a disponibilizar recursos, não importa se são volumosos ou não, mas são recursos públicos em prol da defesa do clima, da defesa do ambiente, portanto este projeto em concreto já se enquadra nesta política de se investir dinheiro para proteger o nosso planeta”, sublinhou.
O acordo entre a Sonangol e a Otchiva, que visa a reflorestação dos mangais no litoral de Angola, sobretudo nas províncias de Luanda, Bengo e Namibe, terá a duração de cinco anos renováveis.
Sebastião Gaspar Martins, presidente do conselho de administração da petrolífera angolana, e Fernanda René, presidente da associação Otchiva, foram os signatários deste acordo que definiu já “ações prioritárias”.
A identificação de espécies de fauna e flora para a construção de uma base de dados regional, a sensibilização e promoção da educação ambiental, a realização de campanhas de reflorestação e de campanhas de limpeza nas zonas de mangais são algumas das “ações prioritárias”, como referiu, na ocasião, o diretor de Segurança, Saúde e Qualidade da Sonangol, Luís Fernandes.
Fernanda René enalteceu presença de João Lourenço nesta ação, falou da importação da proteção e restauração dos mangais para o ecossistema, exortando a todos a “se reconciliarem com a mãe natureza”.
Defendeu ainda, na sua intervenção, a aprovação de uma legislação no país sobre a conservação dos mangais.