Quase 30 mil participantes vão estar presentes na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), em Glasgow, entre líderes mundiais, técnicos negociadores, empresas e cidadãos para 12 dias de negociações e alguns nomes destacam-se, alguns pela ausência.

Alok Sharma

O presidente da COP26 deixou as funções de ministro britânico da Economia para se dedicar a tempo inteiro a este cargo, que terá sido rejeitado pelo antigo primeiro-ministro David Cameron. Discreto na forma como trabalha, reconhece que dá uma imagem de ser “extremamente aborrecido”, mas quer ser julgado pelos resultados. Este ano foi acusado de “hipocrisia” por viajar de avião para dezenas de países em plena pandemia, mas defendeu-se dizendo que encontros pessoais são “essenciais”.

António Guterres

O secretário-geral da ONU tem insistido no “caminho catastrófico” que o mundo está a tomar se não conseguir limitar o aquecimento global. No sexto relatório do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), os cientistas preveem que a temperatura global subirá 2,7 graus Celsius (ºC) em 2100 se se mantiver o atual ritmo de emissões de gases com efeito de estufa.

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Boris Johnson 

O primeiro-ministro britânico tem sido acusado de fazer pouco para pressionar líderes internacionais e obter mais compromissos de redução de emissões de gases com efeito de estufa. Embora fosse um ciclista ativo antes de ser primeiro-ministro, é um ambientalista tardio que demorou a reconhecer a importância das energias renováveis. A cimeira é vista como mais uma oportunidade para promover o Reino Unido como uma potência mundial no pós-Brexit, mas as tensões com a China poderão comprometer os resultados.

Família Real britânica 

O Príncipe Carlos, herdeiro da coroa, e o Príncipe William, vão falar durante a conferência e interagir com os líderes internacionais. O príncipe Carlos é um ativista ambiental desde os anos 1970, tendo recentemente revelado que o seu automóvel usa como combustível uma mistura de bioetanol feito de resíduos de queijo e vinho. Aos 95 anos, a rainha Isabel II deixou escapar um pensamento. “É muito irritante quando eles falam, mas não fazem”, disse recentemente, a propósito da COP26.

David Attenborough 

O naturalista, conhecido pelos documentários sobre a vida animal produzidos pela BBC, foi nomeado Defensor do Povo da COP26, o que significa que irá argumentar em nome da população junto dos líderes mundiais e outros participantes urgi-los a acelerar medidas que travem as alterações climáticas. Nos últimos anos tornou-se num ativista mais assertivo sobre os riscos para a biodiversidade.

Greta Thunberg

A adolescente sueca é atualmente a ativista ambiental mais reconhecida no mundo. Chegou a ameaçar não participar, em solidariedade com os países menos desenvolvidos por causa da distribuição desigual das vacinas contra a covid-19. Dela esperam-se palavras duras e verdades cruas contra os dirigentes internacionais.

Scott Morrison

O primeiro-ministro australiano também mudou de ideias e pretende agora viajar até Glasgow, depois de ter sido bastante criticado por anunciar que iria faltar à conferência. O país é dos membros do G20 que tem resistido a comprometer-se com novas metas nacionais mais ambiciosas para a redução de emissões de carbono. A Austrália é um dos maiores produtores mundiais de carvão e gás natural.

Joe Biden

O atual Presidente dos Estados Unidos inverteu a posição do seu antecessor, Donald Trump, contra o Acordo de Paris e não só tem uma política de redução de emissões, como prometeu duplicar o financiamento aos países em desenvolvimento para se adaptarem e protegerem-se do impacto das alterações climáticas. Juntamente com o enviado especial John Kerry, pode dar um impulso importante nesta questão.

António Costa

O chefe do Governo português chega a Glasgow com reputação de visionário, pois Portugal foi, em 2016, o primeiro país do mundo a comprometer-se a alcançar a neutralidade carbónica em 2050, meta entretanto adotada pelos principais países ocidentais. Foi também dos primeiros a ratificar o Acordo de Paris e acelerou o fim das centrais de eletricidade a carvão. estará na COP26 acompanhado pelo ministro do Ambiente e Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes.

Xi Jinping

O Presidente da República Popular da China é talvez o líder mais aguardado na COP26, mas circulam rumores de que não vai participar. A China é o segundo maior emissor mundial de gases com efeito de estufa, a seguir aos Estados Unidos. Cerca de 60% da energia é produzida a partir de carvão e Pequim planeia construir mais centrais, embora também esteja a investir fortemente em energias renováveis. Tem como objetivo a neutralidade carbónica em 2060, mas a comunidade internacional quer ver medidas mais drásticas.

Papa Francisco

O chefe de Estado do Vaticano cancelou no início do mês a deslocação à cimeira, mas tem intensificado apelos ao consenso entre países sobre as questões climáticas. Em setembro, pediu à COP26 que aja “com urgência para oferecer respostas eficazes à crise ecológica sem precedentes”.

Jair Bolsonaro

O Presidente brasileiro não deverá deslocar-se a Glasgow e é conhecida a sua relutância em questões ambientais. Desde a chegada ao poder, a desflorestação e incêndios na Amazónia, maior floresta tropical do mundo e que é determinante no clima global, dispararam. O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e o mexicano Andres Manuel Lopez Obrador, também deverão ser notórios pela ausência, desfalcando a representação do G20.

Vladimir Putin 

Continua incerta a participação do Presidente russo, cujo relacionamento diplomático com o Reino Unido é tenso há vários anos. O país é um dos principais produtores de hidrocarbonetos do mundo e também um dos maiores poluidores do mundo. Tradicionalmente cético relativamente às alterações climáticas, Putin afirmou este mês a intenção da Rússia de atingir a neutralidade de emissões carbono até 2060, uma estratégia mais ambiciosa do que a fixada até agora, mas sem adiantar pormenores sobre o caminho a seguir para lá chegar.