O primeiro dia do debate do Orçamento do Estado estava a terminar quando surgiu a nota da Presidência dando conta do encontro entre Marcelo Rebelo de Sousa e Paulo Rangel. O Presidente da República informou que recebeu o eurodeputado em Belém “a seu pedido”. Nesse mesmo dia, reconheceria também que até ao início do debate na Assembleia da República tentou que os partidos chegassem a entendimento para viabilizar o Orçamento do Estado.

Questionado sobre se tinha conhecimento da audiência e das diligências tomadas pelo Presidente, Rui Rio mostrou-se surpreendido ao responder aos jornalistas: “O Presidente da República falou com o dr. Rangel? Se falou com deputados do PSD? Não sei, não tenho escutas”.

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Paulo Rangel, candidato à presidência do PSD, tem defendido que as eleições sejam um pouco mais tarde, ao contrário do líder do partido e seu adversário, Rui Rio, que defende que se realizem o mais rápido possível por uma questão de interesse nacional.

Na nota divulgada no site da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa informou ainda que também recebeu o presidente da câmara de Lisboa, Carlos Moedas, mais uma vez a pedido do próprio.

Mas além das audiências, Marcelo fez “diligências complementares: “Até ao momento do começo do debate ainda fiz diligências complementares para ver se era possível chegar-se a entendimento”, afirmou em declarações aos jornalistas. E acrescentou: “Sinto que fiz o que tinha a fazer”. Questionado sobre se as “diligências” estavam relacionadas com os deputados do PSD-Madeira, Marcelo recusou especificar: “Não especifico diligências, achava que devia fazê-las dentro do que era possível”.

Com a hipótese de viabilização do Orçamento na generalidade com os votos dos deputados do PSD-Madeira, Rui Rio rejeitou a suposição: “A posição está tomada, a Madeira está solidária. A Madeira não está à venda”. Já sobre contactos com os deputados da Madeira garantiu Rio que não sabe: “Ninguém me veio dizer”. “Foi dada a garantia, nada mudou e estamos todos solidários”.

O líder do PSD confirmou ainda que Marcelo Rebelo de Sousa não entrou em contacto nos últimos dias. “Comigo não falou, sabe que não vale a pena, era tempo perdido”, disse considerando ainda “pouco ortodoxa” a hipótese de Marcelo ter contactado alguns deputados no sentido de tentar que o Orçamento visse luz verde.

Se fez [diligências] junto de partidos acho que é legítimo, se fez avulsamente já não me parece a forma mais ortodoxa de agir, mas não posso falar de uma coisa que desconheço. Que faça esforço para que haja estabilidade e o Orçamento passe eu percebo”, diz Rio discordando ainda da ideia de Marcelo ter feito contactos para que o Orçamento fosse viabilizado com cedências ao PCP e BE.

“Se ideia do Presidente da República fosse o Orçamento passar cedendo ao PCP e ao BE estou em discordância, acho que o melhor para o país é este Orçamento não passar e haver uma clarificação e o país ir para eleições antecipadas”, afirmou notando que as cedências acrescentadas seriam “dramáticas para o país”.

Já sobre a garantia que Costa deixou esta terça-feira no hemiciclo — que não se demitirá caso o Orçamento caia — , Rio discordou e apelou a uma “clarificação o mais rápido possível”: “A partir do momento em que o Orçamento não passe,  ainda que passe amanhã não é de forma sustentada, não serve para nada. A partir desse momento mais vale clarificar e clarificar é o mais rápido possível”.