O secretário de Estado dos Estados Unidos da América (EUA), Antony Blinken, prometeu esta quarta-feira examinar todos os erros durante a polémica retirada do Afeganistão e considerar as opiniões divergentes de outros diplomatas norte-americanos sobre a Administração Biden.
“A dissidência é patriótica. Não deve ser apenas protegida, deve e será saudada com gentileza“, disse esta quarta-feira Antony Blinken, num discurso sobre a modernização do Departamento de Estado, adiantando que vai “ler e responder” pessoalmente todas a questões a si dirigidas.
Durante o discurso, Blinken orgulhou-se de ter “revitalizado” o “canal de dissidência”, um processo bem estabelecido através do qual os diplomatas podem partilhar opiniões críticas sobre a linha política com a sua hierarquia.
O secretário de Estado norte-americano pediu o desenvolvimento mais amplo de uma “cultura de dissidência construtiva e profissional” para “fortalecer” a política externa dos EUA, anunciando mais um “canal” — dedicado a novas “ideias” — para que os diplomatas menos limitados possam contribuir para tomadas de decisão “criativas”.
O “canal de dissidência” foi criado durante a Guerra do Vietname e teve variados destinos ao longo de décadas.
Sob o mandato de Donald Trump, os secretários de Estado Rex Tillerson e Mike Pompeo forma internamente acuado de ignorar as posições divergentes.
Em julho, diplomatas enviaram a Antony Bliken uma nota dissonante alertando-o de um colapso mais rápido do que o esperado das autoridades afegãs devido ao avanço dos talibãs, graças à retirada das forças militares norte-americanas.
Os diplomatas pediram a Blinken que montasse imediatamente uma ponte aérea para retirar os norte-americanos e os afegãos ameaçados pela tomada do poder pelo movimento radical islâmico.
A Administração Biden então acelerou a emissão de vistos para os afegãos que trabalharam para os EUA, mas não colocou em prática uma operação real de evacuação até uma catástrofe de última hora, quando os talibãs estavam às portas de Cabul.
A oposição republicana, mas também muitas vozes dentro do Partido Democrata ou do Departamento de Estado, criticou a gestão do processo de retirada de militares e cidadãos do Afeganistão em agosto.
Esta quarta-feira, Antony Blinken havia anunciado também que solicitou uma série de relatórios internos para determinar como poderia ter antecipado e organizado melhor a evacuação.
Não vamos perder a oportunidade de aprender e fazer melhor”, realçou.