A iniciativa Metas Baseadas na Ciência lança esta quarta-feira um padrão empresarial de zero emissões poluentes, já com seis empresas aderentes, e que pretende certificar que a política ambiental das companhias está alinhada com as metas ambientais.
A organização global iniciativa Metas Baseadas na Ciência (SBTi, na sigla inglesa), que resulta da colaboração de entidades como as Nações Unidas ou a organização ambiental World Wide Fund for Nature (WWF), pretende com este padrão de certificação garantir uma “avaliação credível e independente” da política ambiental das empresas, assim como alinhá-la com as metas que procuram limitar o aquecimento global a 1,5 graus, tal como definido no acordo de Paris.
O padrão de certificação avança com seis empresas já avaliadas, entre as quais a empresa dinamarquesa na área das energias renováveis Ørsted, a multinacional indiana Wipro, da área das tecnologias de informação, a multinacional suíça de produção de materiais de construção Holcim, ou a americana CVS Health, que oferece serviços na área da saúde.
Este novo instrumento de certificação obriga a que as empresas tenham políticas ambientais que garantam uma descarbonização entre os 90% e os 95% até 2050 e medidas de neutralização das restantes emissões, que podem variar entre os 5% e os 10%, consoante a área de atividade.
A neutralização dessas emissões residuais pode ser feita através da captura de dióxido de carbono, através de procedimentos tecnológicos, ou naturais, como a reflorestação.
A certificação pretende demonstrar a consumidores, investidores e reguladores o compromisso mensurável e validado das empresas para com as metas ambientais e a SBTi começa a validar as políticas de mais empresas que queiram aderir ao certificado a partir de janeiro de 2022.
A SBTi defende também que as empresas devem investir na mitigação dos impactos ambientais para lá da sua própria cadeia de valor, mas alerta que não o devem fazer em substituição dos seus próprios cortes de emissões.
O novo padrão de certificação da SBTi foi desenvolvido por um grupo de peritos independentes, que reúne académicos, sociedade civil, cientistas e empresários.
Em agosto de 2021 cerca de 80 empresas participaram num projeto-piloto para testar o novo padrão, mas o grupo de peritos vai continuar a trabalhar no seu aperfeiçoamento no próximo ano, tentando, por exemplo, identificar quais as melhores práticas para mitigar os impactes ambientais fora das cadeias de valor das empresas, assim como a melhor forma de reduzir emissões associadas às empresas, mas que não decorrem da sua atividade, como extração de matérias-primas ou transporte.
A capital escocesa, Glasgow, acolhe entre 31 de outubro e 12 de novembro a COP26, a Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, sendo o órgão supremo da tomada de decisões dessa Convenção da ONU.
Espera-se a presença física de pelos menos 120 chefes de Estado e de governo (outros participam ‘online’) que vão anunciar novas estratégias na luta contra a crise climática.
Além de dirigentes, a COP26 vai juntar dezenas de milhares de participantes, entre representantes de governos, empresas ou organizações e sociedade civil.
Esteve inicialmente marcada para o ano passado, mas foi adiada devido à pandemia de Covid-19. É considerada de grande importância porque é a primeira após o Acordo de Paris em que os países atualizam os planos de redução de emissões de gases com efeito de estufa.
Na COP21 em Paris, em dezembro de 2015, surgiu o Acordo de Paris, no qual a quase totalidade dos países do mundo se comprometeram a limitar o aumento da temperatura média global a um máximo de 2ºC e que de preferência não ultrapasse 1,5ºC.
O acordo prevê um mecanismo de compensação de emissões, o mercado de carbono.
Na cimeira do clima de Paris, quando todos os países concordaram em reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, ficou estabelecido que cada país apresentava as suas contribuições atualizadas de redução a cada cinco anos, numa nova COP.
Muitos países, entre os quais Portugal, já anunciaram medidas de transição e eficiência energética para as próximas décadas.
O aquecimento global provoca o degelo das calotes polares, a subida do nível do mar, a acidificação dos oceanos, a destruição de ecossistemas e a diminuição e extinção de espécies, e provoca fenómenos meteorológicos extremos cada vez mais intensos e frequentes.