Cristiano Ronaldo estreou-se pela equipa principal do Sporting em agosto de 2002, quando tinha apenas 17 anos, e daí a uma temporada já estava a assinar pelo Manchester United. Deu nas vistas ainda adolescente, numa altura em que os ainda adolescentes não tinham a facilidade que têm hoje em dia para chegar ao futebol dos crescidos. E o próprio Ronaldo, quase duas décadas depois, não esconde que o facto de ter sido mais complexo saltar da formação para a equipa principal o tornou mais resiliente.
“Eu não critico ninguém, esse não é o meu papel. Sou muito criticado, não vou fazer o mesmo. Mas esta nova geração, provavelmente desde os anos 90, de 1995, vê a vida, o futebol e os problemas de forma diferente. Tem de sair de si. Tem de aceitar alguns pontos com os quais não concorda (…) Lembro-me de que na minha geração, a de 1985, era mais difícil jogar na primeira equipa. Lembro-me de como era difícil jogar pelo Manchester United, também na Seleção Nacional. No mundo atual, as coisas são mais fáceis e não as valorizam o suficiente. É o que eu penso. Se queres aprender, tens de que fazer. Se te limitas a falar, pode ser bom mas não chega. Tens de demonstrar com atos”, explicou o jogador português em entrevista à DAZN Espanha.
Ronaldo regressou a Inglaterra no final de agosto e mais de uma década depois de ter deixado o Manchester United para se juntar ao Real Madrid. O facto de ter vivido no país durante vários anos, contudo, não impediu o facto de ainda estar a adaptar-se depois de temporadas consecutivas passadas em Espanha e em Itália. “Estou feliz por estar de volta. Sinto-me bem. Ainda estou a readaptar-me: outro idioma, outro futebol, a Premier League, jogadores novos, sistemas diferentes, o tempo… Até agora as coisas estão a correr bem”, confessou, recordando depois a estreia contra o Newcastle, onde acabou por marcar desde logo dois golos.
“Estava muito nervoso, como se tivesse 18 ou 19 anos. Mas estive bem. No dia antes do jogo falei com os meus amigos e estavam emocionados. A minha família também, especialmente a minha mãe. Aquelas pessoas não me viam há muitos anos. Correu bem, foi um dia genial e senti-me orgulhoso na manhã seguinte. Joguei seis anos na Premier League, tenho boas recordações mas esta é uma nova etapa na minha vida. Tenho de adaptar-me mas a minha vontade, mentalidade e filosofia são as mesmas”, atirou Cristiano Ronaldo, que no passado sábado fez um golo e uma assistência na vitória da equipa de Solskjaer em casa do Tottenham.
Parte dessa adaptação, segundo o capitão da Seleção Nacional, baseia-se no próprio futebol inglês. Tido como o melhor futebol do mundo, Ronaldo não esconde que é “o futebol mais rápido de todos os campeonatos”. “Os jogadores são um pouco mais honestos, na minha opinião. Refiro-me ao facto de não darem tantos ‘pontapés’, os árbitros não marcam muitas faltas”, revelou, garantindo depois que já não é o mesmo jogador que deixou o Manchester United em 2009.
“É claro que mudei. Era mais rápido, fintava mais e agora meço mais os meus objetivos. Poupo a minha energia para os momentos certos, para matar o jogo. A experiência no jogo faz-nos decidir melhor mas, dentro de mim, tenho a mesma fome de títulos. Ainda estou motivado, quero aprender e ganhar títulos, essa é a minha mentalidade”, afirmou, recordando novamente o discurso que fez para os colegas logo depois de voltar ao Manchester United. “No meu segundo dia com o grupo, fiz um discurso no hotel e disse que estava orgulhoso por estar aqui. Vejo um grande potencial nesta nova geração de jogadores. Estou aqui para ajudar, não vim de férias, vim para ganhar. Com a minha experiência, os meus golos, a minha forma de jogar. Espero ajudar a equipa a alcançar o nível máximo. Por isso estou aqui, para ganhar coisas”, terminou Cristiano Ronaldo.