O coordenador da extinta task force responsável pela vacinação contra a Covid-19, Henrique Gouveia e Melo, afirmou esta quarta-feira que a existência de uma pessoa que dirija e responda pelo processo da terceira dose da vacina é “sempre útil”.

Em declarações aos jornalistas, à margem da atribuição do Prémio Nacional de Bioética, o vice-almirante Gouveia e Melo admitiu ser “muito difícil” tecer comentários sobre o processo de administração da terceira dose da vacina contra a Covid-19, no qual não participa.

“É muito difícil fazer comentários sobre uma coisa em que não participo, mas julgo que haver sempre uma pessoa que dirija o processo e responda pelo processo é sempre útil, mas pode haver outras formas de organizar as coisas. Nós organizámos o processo havendo uma pessoa que centralizava as atenções e responsabilidades e isso deu resultado”, afirmou o Vice-Almirante Gouveia e Melo.

Questionado se fazia falta um “mensageiro” neste processo, o coordenador da extinta task force remeteu esclarecimentos para o Ministério da Saúde, referindo que a missão para a qual foi nomeado foi “cumprida” e que “tenso de estar todos orgulhosos”.

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Fui nomeado para uma missão e a missão era vacinar com a máxima extensão todos os portugueses com duas doses. Quando essa missão acabou, eu saí da task force e ela foi extinta, depois, haverá outras missões e organizações para fazer, mas a nossa missão acabou”, observou.

Já quanto a um eventual regresso da task force e, consequentemente, coordenação do processo de vacinação, Gouveia e Melo afirmou que “enquanto vestir o uniforme” manda o poder político democraticamente eleito.

“Se o poder político me pedir ou exigir que eu desempenhe uma outra missão, só tenho de fazer sentido e desempenhar essa missão, é isso a condição militar“, avançou, acrescentando que a condição militar “não é só coisas boas”.

“A condição militar não é só coisas boas, também tem coisas boas e menos boas, uma delas é obediência absoluta ao poder democraticamente eleito”, considerou.

Gouveia e Melo esclareceu ainda, a propósito de uma afirmação feita durante a Web Summit sobre as razões do sucesso da sua missão, que à semelhança dos militares, os políticos têm “tudo”, mas que ao dirigir um processo da dimensão do da vacinação contra a Covid-19 o levam “para dentro do espaço e combate político”.

O facto de a pessoa que coordena o processo não estar no espaço político faz com que as críticas se foquem só no processo e não em coisas lateiras que podiam desfocar o processo”, mencionou.

O vice-almirante recebeu esta quarta-feira o Prémio Nacional de Bioética, distinção atribuída desde 2007 pela Associação Nacional de Bioética, pelas funções desempenhadas e qualidades de planeamento demonstradas.