Zhang Zhan, a “jornalista cidadã” que foi detida pela cobertura que fez da resposta inicial da China à Covid-19, em Wuhan, e que por isso entrou em greve de fome, está agora fortemente debilitada. Tanto a família como organizações de direitos humanos pedem a sua libertação imediata e receiam que Zhang possa não sobreviver durante muito mais tempo.

No Twitter, o irmão, Ju Zhang, escreveu que a irmã está abaixo do peso recomendável (tem 1,77 metros de altura e pesa 40 kgs, atualmente). “Ela pode não sobreviver ao próximo inverno frio. Espero que o mundo se lembre de como é que ela costumava ser”, afirmou, numa publicação acompanhada por uma fotografia de Zhang.  Segundo a organização não governamental Repórteres sem Fronteiras, a “jornalista-cidadã” já não consegue falar nem levantar a cabeça sem ajuda.

Por estar em greve de fome — que já dura desde o ano passado —, Zhang tem sido forçosamente alimentada através de tubos nasais, indicou a sua equipa de advogados à AFP.

https://twitter.com/Jeffreychang81/status/1454381076068007949

Várias associações de defesa dos direitos humanos têm pedido a libertação imediata de Zhang. A Amnistia Internacional, por exemplo, apela ao governo chinês para que a “liberte imediatamente de forma a que ela possa acabar com a sua greve de fome e receber o tratamento médico apropriado de que precisa desesperadamente”. A organização pelos direitos humanos acrescenta, num comunicado divulgado na quinta-feira, que a ativista está “em risco de morrer se não for libertada urgentemente para receber tratamento médico”.

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Zhang viajou para Wuhan em fevereiro de 2020 para fazer a cobertura jornalística do surto que então já preocupava o mundo. Segundo o The Guardian, a “jornalista cidadã” questionou a forma como as autoridades lidaram com a situação em vídeos gravados com o telemóvel. Zhang documentou a detenção de outros jornalistas independentes, o caos nos hospitais e as ruas vazias, informações consideradas “falsas” pelas autoridades.

Foi detida em maio de 2020 e condenada em dezembro a quatro anos de prisão por provocar “querelas e problemas”. À AFP, uma pessoa ligada à “jornalista-cidadã!, que preferiu não ser identificada, disse que a família pediu para ver Zhang há mais de três semanas na prisão feminina de Xangai. Mas tudo sem sucesso.