O caminho iniciado em Novembro de 2016 pela Lucid Motors, que passava pela concepção de um veículo eléctrico de grande porte e a construção de uma fábrica para o produzir, finalmente materializou-se. O construtor norte-americano reuniu pouco mais de duas dezenas de clientes, os primeiros a encomendar o Lucid Air Dream Edition, de que apenas serão fabricadas 520 unidades (em referência à autonomia em milhas), e entregou-lhes os veículos, num evento similar ao que a Tesla habitualmente organiza com os seus clientes.

Liderada por Peter Rawlinson, o antigo vice-presidente da Tesla para a área técnica, na fase em que o Model S estava a ser concebido, a Lucid tem no engenheiro inglês o seu CEO e director técnico, o homem que controla todos os aspectos da concepção e produção dos veículos, sem ter de passar por uma administração convencional e por vezes hostil. Não terá o mesmo poder de Musk na Tesla, mas tem efectivamente mais poder do que a generalidade dos CEO da indústria automóvel.

No evento que teve lugar na Califórnia, junto à fábrica em Newark, a Lucid entregou os Air Dream Edition nas versões Range e Performance, a primeira mais virada para a autonomia e a segunda para a capacidade de aceleração. Ambas são propostas por 169.000 dólares, antes de incentivos, montam baterias com 118 kWh de capacidade total e recorrem a sistemas com um motor em cada eixo para assegurar tracção integral.

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A diferença entre ambas as versões reside na potência e no que o Air atinge com ela. O Performance usufrui de 1126 cv, que o levam a ir de 0 a 96 km/h em 2,42 segundos, para depois atingir 270 km/h. E tudo isto com uma autonomia de 758 km (com jantes de 19” e 726 km com 20”). Sendo que estes valores, determinados segundo o método americano EPA, facilmente rondarão os 800 km em WLTP – tradicionalmente superior ao EPA entre 8% e 10%.

Pelo seu lado, a versão Range do Air vê a potência cair para “apenas” 946 cv, mantendo a velocidade máxima de 270 km/h, mas perdendo 0,32 segundos de 0-96 km/h (2,74 segundos). Porém, compensa ao garantir uma autonomia de 837 km (520 milhas), com jantes 19” e 774 km com 20”. Mais tarde surgirá o Air Grand Touring, com 800 cv e bateria de 112 kWh, proposto por 139.000 dólares e, se mantém os 270 km/h, os 0-96 km/h são cumpridos em 3,0 segundos.

A lista de características técnicas do Lucid Air é tão impressionante quanto a sua potência, aceleração e autonomia. À excepção do peso (2360 kg), que é muito elevado, mesmo tendo em consideração a bateria com 118 kWh, tudo o resto no Air é do melhor que se encontra no mercado, do sistema eléctrico a 900V, à carga bidireccional, passando pela produção das próprias células das baterias, que recarregam a 300 kW.

Se a Tesla se tem tornado uma terrível dor de cabeça para os construtores tradicionais de automóveis, a Lucid irá apenas colocar mais pressão, especificamente nas berlinas e nos SUV topo de gama, onde concorrem as marcas germânicas mais reputadas. Apesar de apenas agora começar a dar os primeiros passos, a Lucid Motors é decididamente um fabricante que convém manter debaixo de olho e do qual se esperam algumas (boas) surpresas.