Os governos de Portugal e Espanha desenvolveram um plano para colocar no espaço uma rede de 16 satélites para controlar as florestas, bosques e costas de ambos os países.

O projeto “Atlantic Constellation” (Constelação Atlântica, em português), foi incluído no Tratado de Amizade e Cooperação assinado em Espanha, na 32ª Cimeira Luso-Espanhola, no dia 28 de outubro, pelos primeiros-ministros Pedro Sánchez e António Costa,  noticia o El País esta quarta-feira.

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Estes satélites vão estar inseridos na rede do Copernicus (programa europeu de observação do planeta), e vão ser usados para recolher informação sobre a biodiversidade e efeitos de desastres naturais, no âmbito do combate às alterações climáticas, de acordo com Miguel Bello, diretor executivo do centro de pesquisa internacional do Atlântico (AIR Centre).

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As previsões avançadas pelo AIR Centre indicam que a constelação de satélites poderá estar operacional entre o final de 2024 e o início de 2025, de forma a que possa ser financiada pelos fundos europeus de recuperação Next Generation, destinados à inovação e transição “verde e digital”. Após a construção dos satélites, será necessário escolher quem será o operador do sistema – existe a possibilidade de uma parceria público-privada, ou de um financiamento totalmente público, o que vai determinar quem será o operador eleito.

Os dois países ibéricos têm empresas com experiência na operação de satélites, como a Geostat (empresa portuguesa), a Hispasat e a Hisdesat (empresas espanholas), que são fortes candidatas para operar o sistema. O desenvolvimento da constelação, no entanto, será responsabilidade da Agência Espacial Portuguesa e do Centro de Desenvolvimento Tecnológico e Industrial de Espanha (CDTI), em conjunto com o AIR Centre.

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A Hispasat formou uma aliança com a operadora francesa Eutelsat para garantir a transmissão de dados a alta velocidade por todo o território peninsular, com velocidades de 100 megabytes por segundo (o serviço atual de satélites apenas garantia uma velocidade de 1 Mbps, que, em algumas zonas, não permite sequer enviar um e-mail).

A nova tecnologia de satélite permitirá diminuir o fosso tecnológico entre as grandes cidades e as cidades do interior dos dois países, segundo Miguel Ángel Panduro, diretor executivo da Hispasat:

“Não se pode abordar a digitalização sem garantir a ligação entre todo o território. A tecnologia de satélite evolui, e já permite o acesso à internet, de 100 Mbps, de forma imediata, em qualquer sítio, por mais inacessível que seja”, disse o administrador.

A secretaria de Estado das telecomunicações e infraestruturas digitais de Espanha avança que 30% das casas rurais portuguesas e mais de um milhão de casas espanholas não têm acesso a uma ligação à internet de alta velocidade.