O ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, elogiou esta terça-feira a relevância atribuída aos oceanos no texto do Pacto Climático de Glasgow, aprovado na cimeira do clima das Nações Unidas, considerando que é uma mudança de paradigma.

“Pela primeira vez desde o grande Acordo de Paris, ficou plenamente plasmada a importância dos oceanos no contexto do clima e no contexto do planeta”, sublinhou o ministro, na data em que se assinala o Dia Nacional do Mar.

O governante falava durante a sessão de abertura da iniciativa “Oceano sem Lixo – Contributo Nacional para a Década das Ciências do Oceano para o Desenvolvimento Sustentável”, promovida pelo Ministério do Mar, o Comité Português para a Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO e a Academia das Ciências de Lisboa.

Fazendo um curto balanço da 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), que terminou no sábado em Glasgow, Escócia, Ricardo Serrão Santos reconheceu que os resultados da cimeira ficaram aquém das suas expectativas.

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Ainda assim, apontou como positivo aquilo que considerou ser uma mudança de paradigma no reconhecimento da importância dos oceanos e do problema do lixo marinho. “As florestas são referidas duas vezes (no Pacto) e o oceano é referido quatro vezes. É uma mudança de paradigma, em que os oceanos tiveram uma relevância, chamando a atenção para as ameaças, algumas silenciosas”, sublinhou o ministro.

“A acidificação, a expansão térmica do oceano, a desoxigenação dos oceanos, que não vimos e não sentimos no dia-a-dia, mas são problemas muito reais”, acrescentou, assegurando que o Governo português insistiu para que o tema constasse no Pacto Climático de Glasgow.

Num discurso a propósito do Dia Nacional do Mar, que se celebra desde 1994, quando entrou em vigor a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, Ricardo Serrão Santos sublinhou ainda o papel da sociedade civil no combate e sensibilização para os problemas ambientais que afetam os oceanos, designadamente o lixo marinho.

“Prevê-se que o uso dos plásticos nos oceanos continue a aumentar nos próximos 20 anos. Os cenários mais recentes preveem que triplique até 2040, isto apesar dos enormes progressos recentes em termos de regulamentações legislativas e iniciativas por parte da sociedade” alertou o governante.

Perante esta possibilidade, Ricardo Serrão Santos sublinhou a urgência de agir “a jusante para reduzir o impacto nos oceanos e a montante, impedindo descargas de plástico ao longo de todo o ciclo da cadeia de plásticos”.

Esse esforço deve ser comum e concertado, defendeu o ministro, que referiu ainda como exemplos positivos o trabalho desenvolvido pelo Ruanda e pelo Quénia.

É em colaboração com o Quénia que Portugal organiza em 2022 a segunda Conferência dos Oceanos, sob a égide das Nações Unidas, que terá lugar em Lisboa entre os dias 27 de junho e 1 de julho, depois de ter sido por duas vezes adiada devido à pandemia da Covid-19.