Portugal passou do nível de “alarme” relativamente à pandemia de Covid-19 para o de “alerta”. À Rádio Observador, Carlos Robalo Cordeiro, o especialista que integra o gabinete de crise da Ordem dos Médicos, confirmou aquilo que já havia dito ao Público esta segunda-feira: “O nível de alarme foi ultrapassado hoje.” Solução? “Vamos ter de começar a tomar algumas medidas mais eficazes, como distância social ou teletrabalho“.

O médico diz que é preciso “diminuir a lotação em determinados eventos” e, referindo-se ao jogo da seleção nacional de futebol deste domingo, deixou a crítica: “Não possível ver aquilo que aconteceu ontem, milhares de pessoas umas em cima das outras sem máscara”. “Não há dúvida de que estamos com uma subida exponencial”, adiantou.

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Robalo Cordeiro disse também que em setembro Portugal estava num nível “residual” de alerta e que rapidamente passou para um dos níveis mais altos do indicador criados pelo Instituto Superior Técnico e a Ordem dos Médicos. O médico frisou que “indicador está com uma tendência ascendente e essa tendência tem de ser invertida com medidas como diminuir a proximidade entre pessoas”. Além disso, referiu que é necessário fazer “um processo de terceira dose vacinal com rapidez e eficácia” para poder inverter esta tendência.

Ao Público, o médico que dirige o serviço de pneumologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra adiantou que já nota as consequências deste crescimento de casos. “Não é a mesma coisa que no ano passado [nesta altura havia cerca de seis mil novos casos por dia, entre 70 a 90 mortes, quase três mil doentes internados], mas, se não formos rápidos a vacinar com a terceira dose as pessoas mais idosas, mais fragilizadas, e se não acionarmos uma série de medidas, vamos ter um maior impacto da Covid-19”, disse a este jornal.

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Nas últimas 24 horas, foram registados 974 casos, sendo a pior segunda-feira desde 30 de agosto. Contaram-se ainda oito mortes. O R(t) atinge 1,17 e não estava tão alto desde julho. De acordo com o indicador de Robalo Cordeiro, o R(t) está a 1,22. Nos últimos seis dias Portugal contou diariamente mais de mil casos diários.