A EDP Comercial, a maior empresa comercializadora de eletricidade e gás natural em Portugal, revelou que vai atualizar os preços dos contratos para os clientes domésticos em 2,4% no próximo ano, face aos valores de janeiro de 2021.

“Esta atualização, que se traduz numa variação média de 90 cêntimos por mês, é assegurada mesmo num contexto de subida relevante dos preços de energia no mercado grossista e deverá manter-se inalterada ao longo de todo o ano de 2022. A EDP Comercial dá assim continuidade à estratégia de estabilidade de preços que permitiu manter inalterados os preços dos clientes também em 2021, quando o mercado de energia atingiu valores recorde”, refere Vera Pinto Pereira, presidente da EDP Comercial, numa declaração enviada a vários jornais. A elétrica abastece 74% dos cerca de 5,4 milhões de consumidores domésticos que estão em regime de mercado.

Segundo a EDP, a subida média de 2,4% “está em linha com o mercado regulado” a partir de 1 de janeiro do próximo ano. No entanto, esta comparação deve ser acompanhada de algumas ressalvas.

Em primeiro lugar, a tarifa regulada da eletricidade fixada pela ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos) foi revista em alta duas vezes este ano, uma em julho e outra em outubro, de forma a acomodar a escalada nos mercados grossistas da eletricidade. E a EDP Comercial, foi uma das comercializadoras no mercado liberalizado que não mexeu nos preços dos contratos já em vigor este ano.

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A proposta de tarifas da ERSE para o próximo ano prevê uma subida de 0,2% face aos preços médios anuais praticados em 2021 (e que incorporam dois aumentos extraordinários) mas refletirá uma descida de 3,4% face aos valores praticados no último trimestre que incorporam o efeito já referido dos aumentos extraordinários efetuados. Logo, as variações de preços da tarifa regulada e dos contratos da EDP não são diretamente comparáveis porque a atualização anunciada de 2,4% é face aos preços que entraram em vigor em janeiro de 2021.

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O novo tarifário da EDP para os clientes domésticos reflete também as medidas adotadas pelo Governo e pela ERSE com o objetivo de compensar o impacto do agravamento do custo da energia nos mercados, através de uma descida significativa de mais de 50% nas tarifas de acesso às redes do sistema elétrico.

Na sequência do anúncio do pacote de 800 milhões de euros, o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, manifestou a expectativa de que as elétricas em regime de mercado — e cuja política comercial o Governo não controla — não aumentassem os preços aos clientes finais do segmento doméstico, uma vez que a tarifa regulada também não iria subir. Mas a verdade é que já tinha subido duas vezes em 2021, o que também permitiu travar o impacto do recorde dos preços grossistas nos valores anunciados pela ERSE para 2022.

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