O Ministério Público (MP) pediu à Assembleia da República para levantar a imunidade parlamentar a André Ventura, de modo a que o deputado possa ser constituído arguido e possa ser interrogado por ofensas a Fernando Rosas, fundador do Bloco de Esquerda.
De acordo com um ofício da juíza de instrução criminal datado de julho, a que o Correio da Manhã teve acesso, o líder do Chega foi notificado esta segunda-feira por ter partilhado uma publicação, no Facebook, em fevereiro, em que afirma que Fernando Rosas “torturou homens e sequestrou mulheres em 1976”, na sequência das declarações do ex-deputado do Bloco de Esquerda sobre a morte de Marcelino da Mata.
Esta acusação, segundo o MP, “não corresponde à verdade e o denunciado [André Ventura] não tinha qualquer fundamento para a reputar como verdadeira. Ao efetuar a publicação em causa, cujo teor depreciativo não ignorava, o denunciado quis ofender o assistente na sua honra e consideração”.
A publicação, que ainda continua disponível na página oficial do Chega, referia ainda que o MRPP (partido a que pertenceu Fernando Rosas), “usava e abusava do slogan ‘morte aos traidores'”, tendo levado a cabo um “extremismo absurdo e criminoso”. “Essas são aquelas pessoas, que dizendo-se de bem, querem fazer o Chega, o seu líder e meio milhão de portugueses passar por criminosos.”
Fernando Rosas considerou, num espaço de comentário da TVI citado pelo Esquerda.net, que Marcelino da Mata, tenente-coronel, era um “criminoso de guerra”. “Trata-se de um homem que não foi chamado à justiça porque foi protegido, quer pela ditadura, quer pelos comandos militares.”
“Não estou de acordo em que se fuzile ninguém sem julgamento, coisa que fez o Marcelino da Mata frequentemente. Não estou de acordo com o que se terá passado no Ralis, mas o que estamos a discutir é o Marcelino da Mata comandante dos Comandos durante a Guerra Colonial na Guiné”, salientou ainda Fernando Rosas.
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