Esta quinta-feira, a Volup, uma startup que só faz entregas de comida de restaurantes “premium” chega ao Porto e a Matosinhos. Depois de Lisboa e da linha de Cascais, é a vez dos portuenses poderem ter comida “de chef” de restaurantes como o Bocca, Fuga, Habitat, DOP, Ikeda ou Wish. “O Porto foi sempre um dos nossos objetivo, é uma cidade que valoriza muito a gastronomia”, diz ao Observador Álvaro Meyer, de 26 anos, fundador e líder da empresa.
Inicialmente, o serviço vai estar apenas disponível nas zonas da Baixa, Boavista, Foz e Matosinhos. Porém, vai ser em tudo igual àquilo que os já cerca de três mil clientes ativos da plataforma encontram em Lisboa: entregas feitas por estafetas da empresa com mochilas térmicas próprias para garantir que a experiência de um restaurante gourmet possa ser levada até casa.
A ideia é portuguesa, as refeições são premium. Testámos a Volup, a nova plataforma de entregas
A aposta no Porto um ano depois de a empresa ter sido fundada acontece porque a faturação “está a crescer”, diz Meyer, sem querer revelar números concretos. “Este tipo de restauração [premium] nunca tinha pensado entrar em delivery” e, com a Volup, arranjou maneira de chegar a mais clientes. “Sabemos que existem muitos clientes que valorizam mais ficar em casa e este novo tipo de consumo faz todo o sentido”, refere.
Álvaro Meyer assume que, no verão, já tinha pensado fazer esta expansão, mas “não era uma boa altura”. Agora, o mercado já “está mais organizado” para este tipo de aposta. Como esta expansão implica uma distância maior do centro do negócio da Volup, Meyer contratou uma “pessoa a tempo inteiro” para garantir que a operação no Porto decorrerá sem problemas. Ao todo, a equipa conta com 10 pessoas dedicadas a 100% a este modelo de entregas que concorre indiretamente com serviços como a Glovo, a Bolt Food ou a Uber Eats.
Ter um chef Michelin na sua cozinha? No verão, a Volup leva o serviço chef em casa até à Comporta
À semelhança do que faz em Lisboa, a Volup vai oferecer também no Porto o serviço multiorder — possibilidade de, numa só entrega, fazer um pedido de vários restaurantes — e todos os navigators (o nome que a empresa dá aos seus estafetas) continuarão a ser escolhidos pela empresa através de “um filtro mais forte”. “Representam a nossa marca e o cliente final”, justifica Álvaro Meyer, assumindo, contudo, que utiliza os mesmos intermediários de contratação destes estafetas que as outras plataformas usam.
“Nunca vamos o ter o Burger King na Volup, a não ser que o Burger King lance uma versão premium”
A Volup, apesar do crescimento, ainda não chegou ao break-even (momento em que uma empresa recupera todo o dinheiro investido). Mesmo assim, assume que se tem permitido a recusar alguns contactos de restaurantes que tem tido. Isto porque tem uma promessa quanto ao serviço: “Nunca vamos o ter o Burger King [fast-food] na Volup, a não ser que o Burger King lance uma versão premium, uma versão de qualidade que fuja da marca.”
Volup: a app portuguesa que lhe quer levar comida de chef a casa
“Às tantas vamos competir contra uma Uber ou Globo e queremos estar segmentados num segmento alto”, justifica Álvaro. “Temos de manter a nossa qualidade” mas, mesmo assim, isso também significa que é preciso “fazer um esforço maior” para conseguir os restaurantes que quer ter na plataforma, explica.
O que a Volup quer é ter restaurantes de boa qualidade”, afirma Álvaro Meyer”
“Temos quatro tipo de clientes [restaurantes]: os de topo, que têm estrelas Michelin, os high-end, e os meio alto”, diz o empreendedor. Também há “os que podem ser mais baratos, mas têm comida muito boa”. “Dou sempre o exemplo do Café Buenos Aires ou do Paparrucha”, refere Álvaro para explicar este último filtro. No final, acaba sempre por adaptar o menu para que a experiência não seja afetada pelo facto de ser um serviço delivery.
Quanto ao impacto da pandemia, Meyer assume que chegou a ter restaurantes que aumentaram os serviços graças à parceria com a Volup — “fomos a única fonte de rendimento”, diz. Porém, a empresa também está a atravessar um período em que tem de esperar por alguma “reestruturação” do setor. “Quando se está parado um ano depois é praticamente renascer”, refere, prometendo que isso significará que, “nos próximos meses”, vai ter mais restaurantes na sua plataforma.