A Nissan foi pioneira na mobilidade eléctrica com a introdução do Leaf, em 2010. Mas, nestes 11 anos que passaram, a marca de Yokohama apenas acrescentou à sua gama o furgão a bateria e-NV200, pois o Ariya só chegará em 2022. Para compensar esse período de relativa inércia, em que a concorrência aproveitou para avançar enquanto a Nissan ficava para trás, o construtor japonês está decidido a virar o jogo nos próximos 10 anos. A visão de longo prazo da empresa prevê um investimento de 15,6 mil milhões de euros só nos próximos cinco anos e aponta em todas as direcções: ampliação da gama, produção de baterias sólidas, fábricas sustentáveis, recondicionamento de acumuladores, contratação de recursos humanos e investimento na rede de carregamento. De caminho, a marca revelou quatro concepts que antecipam o que aí vem.

Começando justamente por aí, a Nissan anunciou que vai lançar 23 novos modelos electrificados, dos quais 15 serão 100% eléctricos, até ao ano fiscal de 2030 (o que corresponde de Abril de 2030 a Março de 2031). Estes números incluem também a marca de luxo do grupo, a Infiniti, com o objectivo de atingir globalmente mais de 50% de electrificação no conjunto das duas marcas.

Antes disso, já em 2026, depois do tal investimento de 15,6 mil milhões de euros, entre automóveis com motores e-POWER e veículos exclusivamente a bateria, nos planos da marca está o lançamento de “20 novos modelos”. Um passo de gigante, considerando o histórico dos últimos 10 anos, que visa sobretudo a Europa. No Velho Continente, as propostas electrificadas dos japoneses deverão representar, dentro de cinco anos, mais de 75% das vendas. Isto enquanto, nessa mesma altura, a fasquia é colocada mais abaixo no Japão (mais de 55%) e na China (mais de 40%).

Para alimentar o imaginário dos adeptos da mobilidade eléctrica, a Nissan mostrou em que se inspirarão os seus futuros modelos com a apresentação de quatro concepts que traduzem, precisamente, quatro ideias. E daí os respectivos nomes: Hang-Out, Max-Out, Surf-Out e Chill-Out. Este último é baseado na Plataforma CMF-EV e, à partida, será o que mais rapidamente dará lugar a um crossover de produção em série.

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Os restantes três deverão materializar a visão da marca numa plataforma que integra chassi, carroçaria e baterias… sólidas. O Hang-Out destaca-se pela descontracção, convidando os que seguem a bordo a confiar na tecnologia de assistência à condução ProPilot para desfrutar de momentos mais relaxantes:

Já o Max-Out conceptualiza a visão de desportivo da marca, conciliando versatilidade (a configuração de dois lugares oferece maior liberdade) e emoção:

Por fim, o Surf-Out é a interpretação japonesa de modelos como a Tesla Cybertruck, a Ford F-150 Lightning ou a Rivian R1T. Ou seja, uma pick-up eléctrica que incita à aventura.

Promessa: baterias de estado sólido em 2028

As baterias de estado sólido são há muito prometidas. Houve várias empresas que disseram estar prontas para avançar para a produção em série. Sucede que, até agora e por mais avanços que se tenham registado nesta área, isso (ainda) não aconteceu. Tal não impede, contudo, a Nissan de integrar na sua “Ambition 2030” esta tecnologia como um dado praticamente adquirido. A marca diz que, já em 2024, terá uma fábrica-piloto e que, quatro anos depois, “pretende lançar um veículo eléctrico” com esta tecnologia. Se isso se concretizar, “o tempo de carregamento será reduzido para um terço” e os modelos eléctricos tornar-se-ão mais baratos e eficientes.

Segundo a marca, na expectativa de conseguir industrializar as baterias de estado sólido, é possível esperar que “o custo dos packs de baterias desça para 67€ por kWh até 2028” (hoje as melhores estão acima dos 100€, mas a maioria está acima de 150€). A Nissan não quer ficar por aqui e, sem precisar quando, diz que a meta é “alcançar a paridade de custos entre os automóveis eléctricos e a gasolina no futuro”, baixando o preço dos packs para 58€/kWh.

No que toca à produção de células, o fabricante nipónico afirma estar a trabalhar com parceiros, no sentido de “aumentar a sua capacidade de produção de baterias para 52 GWh”, mais que duplicando esse número nos quatro anos seguintes (130 GWH até 2030).

156 milhões para infra-estruturas de carga. E novos postos de trabalho

A Nissan vai apostar no recondicionamento das baterias para lá do seu mercado doméstico, planeando “novas localizações na Europa durante o ano fiscal de 2022” e nos EUA até 2025.

A esse investimento acresce a ampliação da rede de postos de carga, destino a que o construtor nipónico pretende alocar cerca de 156 milhões de euros até 2026.

Por fim, ao invés de despedimentos, a Nissan prefere colocar ênfase nas novas contratações. Ao que diz, a sua pretensão passa por “contratar mais de 3000 colaboradores em investigação e desenvolvimento avançados, a nível global, continuando a aumentar a sua força de trabalho actual”.