Só faltava o anúncio oficial. Éric Zemmour avançou agora com a candidatura à presidência francesa. Condenado já por duas vezes em Tribunal por incitar ao ódio racial, o comentador televisivo de extrema-direita utilizou as redes sociais para se apresentar oficialmente ao cargo.
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A polémica estrela televisiva, que começou como jornalista, tem feito dos imigrantes, do Islão e daquilo a que chama a decadência de França os assuntos-chave do seu discurso e são precisamente esses que retoma no vídeo de 10 minutos da candidatura, onde as imagens de conflitos e temas raciais se sucedem sempre com a voz do agora candidato em pano de fundo.
“Têm a sensação de não estar no vosso país?”, questiona a polémica figura a quem as sondagens em outubro davam entre 17% a 18% na primeira volta. Recuperando acontecimentos como as manifestações dos coletes amarelos ou as batalhas de Napoleão, Zemmour fala ao que chama os “exilados do interior”.
“Ao longo de várias décadas os nossos governos de direita e de esquerda conduziram-nos neste caminho fatal de declínio e decadência”, diz no vídeo Éric Zemmour, antes de argumentar que decidiu “assumir nas próprias mãos o destino de França”: “Compreendi que nenhum político teria coragem de salvar o país do trágico destino que o espera”.
Nos últimos dias Éric Zemmour viu-se envolvido em mais uma polémica, depois de se saber que uma das suas assessoras mais próximas estaria grávida de um filho seu. Sara Knafo estará grávida de Zemmour, que processou a revista Closer com o objetivo de impedir a publicação da notícia.
A visita a Marselha também não correu bem ao candidato de extrema-direita que viu saírem às ruas centenas de pessoas numa manifestação anti-fascista depois de dez autarcas franceses terem assinado um texto no Le Monde onde apelavam a um “sobressalto popular” contra o agora candidato à presidência. “É altura de acordarmos coletivamente para que a campanha eleitoral não seja tingida pelas mentiras e pela hipocrisia”, escreveram, afirmando que Zemmour “desenha em escritos nacionalistas do final do século XIX”.
“Não temos medo de nenhum debate e certamente não o da identidade da França e do controlo da sua política migratória”, escreveram os autarcas procurando contrariar o discurso do candidato de extrema-direita.