Ganhou a medalha de ouro nos Jogos Europeus de 2019, sagrou-se campeã europeia em 2020, pelo meio ficou com o bronze nos Mundiais de 2019, festejou este verão em Tóquio a vitória nas equipas mistas dos Jogos Olímpicos. Margaux Pinot é uma das judocas francesas mais cotadas da atualidade, com um currículo onde se somam ainda duas pratas em Europeus e dezenas de pódios em Grand Slams e Grand Prixs. Todavia, aos 27 anos, é notícia pelas piores razões e num caso que está longe de ter chegado ao fim.
https://twitter.com/MargauxPinot2/status/1466027874100592653
“Durante a noite de sábado para domingo, fui vítima de uma agressão em minha casa pelo meu companheiro e treinador. Fui insultada, levei socos, a minha cabeça foi contra o chão várias vezes. E fui também estrangulada”, acusou a judoca, através de uma mensagem no Twitter que foi publicada uns dias depois na sequência de uma decisão da justiça francesa que criticou de forma aberta no mesmo texto.
“Estava a morrer. Tenho vários ferimentos, o nariz fraturado e dez dias de baixa no trabalho. A justiça decidiu libertá-lo. Do que vale a defesa de calúnia contra as minhas feridas e sangue espalhado pelo meu apartamento? Estava a faltar a minha morte? Provavelmente, foi o judo que me salvou. Os meus pensamentos estão com aquelas que nada podem dizer”, destacou, numa mensagem forte nas redes sociais mas que foi acompanhada de uma imagem da sua cara onde são visíveis todas as mazelas da altercação.
“Não tenho palavras para exprimir tudo o que se passa na minha cabeça e no meu corpo de mulher face ao que sofreu a minha colega de equipa Margaux Pinot. E estou ainda mais chocada com a decisão do tribunal. O que é preciso para que haja sanções? A morte?”, comentou pouco depois Clarisse Agbégnénou, que ganhou o ouro em Tóquio na categoria de -63kg e também nas equipas mistas com Pinot.
Je n’ai pas les mots pour exprimer tout ce qui se passe dans ma tête et mon corps en tant que femme face à ce que ma coéquipière Margaux Pinot a subi.
D’autant plus choquée de la décision de la justice. Que faut-il pour que les sanctions tombent, la mort? https://t.co/gITdlNxmLs— AGBÉGNÉNOU Clarisse (@Gnougnou25) December 1, 2021
“Estamos todos profundamente comovidos com o que a nossa colega de equipa Margaux Pinot acaba de sofrer e daremos todo o nosso apoio. O que deve ser feito para garantir que as vítimas sejam ouvidas? Que os agressores sejam condenados? Todos os dias mulheres, crianças e os mais desfavorecidos enfrentam violência, seja física ou moral. É intolerável, inaceitável. Esta luta tem de se tornar uma prioridade, as vítimas têm de ser mais bem amparadas e protegidas, é uma questão de vida ou de morte”, disse também Teddy Riner, um dos melhores judocas de sempre que esteve anos a fio sem perder um combate.
Nous sommes tous profondément touchés par ce que vient de subir notre coéquipière Margaux Pinot et nous lui apportons tout notre soutien. Que faut-il faire pour que les victimes soient entendues ? Que les agresseurs soient reconnus coupables ? https://t.co/xzxgPViDFb
— Teddy Riner (@teddyriner) December 1, 2021
De acordo com a imprensa francesa, Alain Schmitt, treinador e companheiro de Margaux Pinot que esteve em todas as grandes conquistas da judoca como sénior, foi detido mais tarde na região de Seine-Saint-Denis, na madrugada de domingo, mas saiu em liberdade após ser ouvido pelas autoridades esta terça-feira. “Não agredi ninguém”, contestou o também antigo judoca perante as acusações, negando ainda que estivesse embriagado. Alguns vizinhos terão confirmado a discussão acalorada entre ambos. Como explica o Le Parisien, as autoridades entenderam que não havia “provas suficientes” para manter Alain Schmitt detido. “É injusto. O tribunal não olhou a uma série de elementos como os gritos a pedir ajuda que foram ouvidos pelos vizinhos e onde se refugiou”, salientou a advogada de Pinot, Stéphane Maugendre.