A DGAV anunciou que foi detetado um caso de gripe das aves em Palmela, estando já em vigor medidas de controlo, lembrando que não existe evidência de que esta gripe pode ser transmitida a humanos pelo consumo de alimentos.
“O Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária confirmou que um evento de mortalidade ocorrido numa capoeira doméstica no concelho de Palmela [distrito de Setúbal] ocorreu devido a infeção por um vírus da gripe aviária do subtipo H5N1 de alta patogenicidade”, anunciou, em comunicado, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV).
Segundo a mesma nota, o plano de contingência para a gripe das aves já foi ativado.
Entre as medidas previstas neste plano, está a inspeção do local onde foi detetada a doença — “uma exploração caseira destinada ao autoconsumo” —, bem como das explorações pecuárias na zona de proteção em redor do foco.
Até ao momento, não foram identificados, nesta área, estabelecimentos industriais de criação de aves.
Em entrevista à rádio Observador, Francisco George, ex-diretor geral da saúde entre 2005 e 2017, frisa que esta é uma “situação de saúde animal”.
A DGAV conhece bem a forma de lidar com a situação. Não é a primeira vez. Nós temos em saúde animal métodos muito eficazes, que são só possíveis em saúde animal, nomeadamente o abate sanitário”, afirmou.
“Não temos um problema de saúde pública. Não é uma situação epidemiológica”, declarou o especialista.
Gripe das aves em Portugal. “É uma questão de saúde animal e não de saúde pública”
“Há aqui um risco, não se pode negar, no caso das aves doentes estarem intimamente em contacto com os criadores. O que não é o caso, visto que a ave estava numa capoeira”, constatou.
Questionado pelo Observador sobre se, a nível de controlo deste vírus, Portugal está a fazer o suficiente, Francisco George respondeu positivamente: “Sim. Não há dúvida nenhuma sobre esse aspeto. Os veterinários sabem bem o que têm de fazer.”
“As penas caiem quando as aves estão doentes”, salientou. “Há sinais muito fáceis de notar, até pelo comportamento da própria ave.”
O médico apelou ainda à colaboração por parte dos criadores das aves em causa: “Esta colaboração pode passar por inspeções e até, se for caso disso, o abate dos animais. Em termos de saúde humana estamos ‘tranquilos’.”
A DGAV lembrou que não existem evidências de que a gripe aviária seja transmitida para os humanos através do consumo de alimentos, como carne de aves de capoeira ou ovos.
Na origem da doença estará a regular migração de aves selvagens na Europa, provenientes da Ásia e do leste da Rússia, que têm permitido a circulação viral e a sua transmissão a longas distâncias”, adiantou.
Esta direção-geral referiu também que, ocasionalmente, algumas estripes do vírus podem infetar outros animais, “nomeadamente mamíferos e também o ser humano, no entanto, para que tal aconteça, é necessário que haja um contacto muito estreito entre as aves infetadas e as pessoas ou entre aves e outros animais”.
Face à “situação epidemiológica atual”, a DGAV defendeu ser importante cumprir as regras de biossegurança, assim como as boas práticas de produção avícola, evitando contactos entre aves domésticas e selvagens.
Devem ser cumpridos os procedimentos de higiene das instalações, equipamentos e materiais e mantida uma observação “diária e atenta” das aves de capoeira, incluindo os consumos de água, alimentos e os índices produtivos.
“Recorde-se que os operadores que detêm aves de capoeira ou aves em cativeiro são os primeiros responsáveis pelo estado sanitário dos animais por si detidos e, perante uma qualquer suspeita de doença, a mesma deverá ser imediatamente comunicada à DGAV. A deteção precoce de focos de infeção por vírus gripe aviária de alta patogenicidade (GAAP) é absolutamente essencial para a rápida e eficaz implementação no terreno das medidas de controlo da doença destinadas a evitar a sua disseminação”, concluiu.
A DGAV é um serviço central da administração direta do Estado, com autonomia administrativa.
Atualizada às 18h21, com declarações de Francisco George