O ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksiy Reznikov, diz que uma eventual invasão russa do território ucraniano resultará num “massacre sangrento” e que “os russos vão regressar em caixões“. Reznikov falava em entrevista à CNN na segunda-feira, um dia antes de Vladimir Putin e Joe Biden se reunirem por videoconferência para discutir as tensões crescentes na fronteira entre Rússia e Ucrânia.

Se posso dar um conselho ao Presidente Biden, gostava que ele se articulasse com o senhor Putin para que nenhuma linha vermelha do lado do Kremlin fosse aqui. A linha vermelha é aqui na Ucrânia e o mundo civilizado vai reagir sem hesitação”, disse Reznikov à CNN. “A ideia de não provocar a Rússia não vai funcionar.”

A reunião entre Biden e Putin surge numa altura em que a tensão entre a Rússia e o Ocidente se tem adensado devido ao grande número de militares russos que se estão a concentrar na fronteira com a Ucrânia — movimentos que têm sido interpretados como um sinal de que a Rússia se pode estar a preparar para invadir a Ucrânia.

Biden e Putin debatem na terça-feira tensões crescentes na fronteira com a Ucrânia

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Os EUA acreditam que a Rússia terá já cerca de 70 mil soldados perto da fronteira com a Ucrânia, um país que desde 2014 vive um conflito entre o governo de Kiev e os separatistas pró-russos, no leste do país. Nesse ano, a Rússia anexou a península da Crimeia — e poderá, agora, estar a preparar uma invasão para o início do ano, dizem os EUA, enquanto a Rússia rejeita essa possibilidade.

Num momento de pico de tensão entre a Rússia e o Ocidente, Moscovo tem exigências a fazer e a linha vermelha é clara: impedir a adesão da Ucrânia à NATO e assegurar que os países da NATO não instalam infraestruturas militares, incluindo mísseis, na Ucrânia. A chegada da NATO à Ucrânia coloca a aliança militar ocidental às portas da Rússia — e Putin quer evitar essa proximidade geográfica. Joe Biden já veio dizer que não aceita as linhas vermelhas de ninguém, mas o assunto será o tópico central no encontro que vai ter com Putin esta terça-feira.

À CNN, Oleksiy Reznikov disse que se estima que a Rússia tenha já 95 mil soldados nas proximidades da Ucrânia — e que uma eventual invasão russa da Ucrânia teria consequências “desastrosas” para toda a Europa. Entre 4 e 5 milhões de pessoas poderia precisar de buscar refúgio noutros países europeus caso a invasão avançasse. Contudo, Reznikov salientou que o país combateria uma invasão russa com a sua força militar, que inclui 250 mil soldados, 400 mil veteranos e 200 mil militares na reserva.

A Ucrânia pediu apoio militar aos aliados ocidentais, incluindo material e treino para a Força Aérea e a Marinha, mas não soldados. “Penso que não é justo que soldados americanos venham a morrer na Ucrânia. Não precisamos disso”, afirmou.