O Papa Francisco criticou as propostas da Comissária para a Igualdade, Helena Dalli, que visavam tornar a linguagem no seio da União Europeia (UE) mais “inclusiva”. Algumas das diretrizes do documento com 30 páginas, que nunca foi revelado ao público, incluíam substituir o termo “Natal” por “Festividades” e também abolir designações como “Senhoras e Senhoras”.
“É um anacronismo”, descreveu de acordo com a Agência Ecclesia o sumo pontífice, que também destacou que “muitas ditaduras” tentaram abolir o termo Natal: “Pense-se em Napoleão: desde aí… Pense-se na ditadura nazi, na comunista... É uma moda de um secularismo diluído, de água destilada”, disse o Papa Francisco, que também refere que foi “uma coisa que não resultou na história”.
O Papa Francisco aconselhou, por isso, a que a UE não abra “caminho a colonizações ideológicas”, algo que poderia levar à “divisão de países” e mesmo “ao colapso da União Europeia”. A organização composta por 27 estados-membros deve, em vez disso, “respeitar cada país tal como está estruturado no seu interior”.
Segundo o sumo pontífice, estas conceções ideológicas podem levar a que as democracias sejam um palco para que se desenvolvam “populismos”. “O enfraquecimento da democracia deve-se ao perigo de populismos – que não são popularismos – e ao perigo dessas referências a potências económicas e culturais internacionais”, vincou o Papa.
Nas diretrizes, a comissária para a Igualdade justificava que se devia abolir o termo “Natal”, porque “nem toda a gente celebra os feriados cristãos e nem todos os cristãos os celebram nas mesmas datas”.
Concern was raised with regards to some examples provided in the Guidelines on Inclusive Communication, which as is customary with such guidelines, is work in progress. We are looking into these concerns with the view of addressing them in an updated version of the guidelines. pic.twitter.com/90ZK8rpPb2
— Helena Dalli (@helenadalli) November 30, 2021
Após várias críticas, Helena Dalli reconheceu que a versão das diretrizes publicadas “não servia adequadamente o propósito” e não “correspondia aos padrões da Comissão”. “Por estes motivos, vou desistir destas diretrizes e vou trabalhar mais diligentemente neste documento”, prometeu.