A coordenadora da Delegação Regional do Porto do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) disse esta quinta-feira que a taxa de absentismo em várias unidades hospitalares do Norte subiu 17% a 20% em 2021 por causa da exaustão laboral.

“O numero de enfermeiros a faltar ao trabalho subiu em algumas instituições para os 17%” e noutras aumentou para os “20%”, avançou a coordenadora Fátima Monteiro, à margem de uma concentração em frente ao Hospital de São João, no Porto, para reivindicar melhores condições de trabalho da classe dos enfermeiros.

Questionada pela agência Lusa sobre o número de casos de exaustão de trabalho ou de burnout dos enfermeiros na área do Porto, Fátima Monteiro asseverou que há “muitos casos” e que a taxa de absentismo está “muito relacionada” com situações de “sobrecarga de trabalho”.

Burnout é um esgotamento físico e mental decorrente de uma vida profissional desgastante e sobrecarregada, que incapacita o indivíduo de desempenhar tarefas quotidianas tais como trabalhar.

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Questionada sobre se houve algum enfermeiro que tivesse morrido da doença da Covid-19, Fátima Monteiro disse que “felizmente” não tinha conhecimento de qualquer colega que tivesse falecido da doença provocada pelo vírus Sars-coV-2.

“Felizmente não tenho conhecimento (…), diretamente relacionado com a Covid-19. Não quer dizer que não haja. Há infeções”, respondeu a dirigente sindical, lembrando que a vacinação veio dar uma “proteção muito grande” e que a “gravidade dos casos é outra”.

As defesas são outras, assume, referindo que os cuidados e os meios com que se passou a lidar com Covid-19 são agora “completamente diferentes”.

O volume de horas extraordinária nos hospitais do Porto aumentou entre janeiro e outubro deste ano em “mais de 500 mil horas” o que significa que faltam “274 enfermeiros”, avisou esta quinta-feira o Sindicato dos Enfermeiros do Porto.

Cerca de uma dezena de enfermeiros concentrou-se esta quinta-feira junto ao Hospital de São João para “alertar o Governo e o Ministério da Saúde para os problemas que afetam os profissionais de saúde e neste caso específico os enfermeiros”, explicou Fátima Monteiro.

“Temos de vacinar e temos de contratar”, “Somos necessários, não podemos estar precários”, “Enfermeiros a cumprir devem progredir”, “O risco é profissão! Para todos exigimos compensação”, “Fartos de exploração, exigimos progressão” ou “Enfermeiros exigem admissão de enfermeiros. Justo descongelamentos das progressões. Pagamento do suplemento remuneratório a todos os enfermeiros especialistas” eram algumas das frases que se podiam ler nos cartazes e faixas, esta manhã, na concentração dos enfermeiros.

A Covid-19 é uma doença respiratória provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.

A doença provocou pelo menos 5.270.700 mortes em todo o mundo, entre mais de 266,54 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência de notícias France-Presse.

Em Portugal, desde março de 2020, morreram 18.587 pessoas e foram contabilizadas 1.177.706 infeções, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.