O magnata dos media de Hong Kong Jimmy Lai e mais duas ativistas pró-democracia foram esta quinta-feira condenados pela participação numa vigília de homenagem às vítimas do massacre de Tiananmen, proibida pelas autoridades.
Jimmy Lai, de 74 anos, proprietário do agora encerrado jornal pró-democracia Apple Daily, foi condenado pelo tribunal distrital por incitar e participar na manifestação, considerada ilegal, juntamente com a antiga jornalista Gwyneth Ho e a advogada de direitos humanos Chow Hang-tung, segundo a agência France-Presse (AFP).
As autoridades de Hong Kong acusaram cerca de 20 políticos e ativistas pró-democracia, após uma vigília realizada no ano passado para homenagear as vítimas da mortífera repressão de Pequim, em 1989.
Lai, Chow Hang-tung e Gwyneth Ho, que se tinham declarado inocentes, são os últimos a conhecer o veredicto.
Os três já se encontram presos, após terem sido condenados por outras acusações, tal como dezenas de outros ativistas, enfrentando ainda processos ao abrigo da draconiana lei da segurança nacional, que Pequim impôs a Hong Kong no ano passado, na sequência dos protestos de 2019.
Há mais de três décadas que dezenas de milhares de pessoas se reuniam no Victoria Park, em Hong Kong, a 4 de junho, para participar em vigílias para recordar o massacre na Praça Tiananmen, na China.
Estes encontros, com palavras de ordem a favor da democracia na China, tornaram-se um símbolo das liberdades políticas de que deveria gozar o território semi-autónomo.
Este ano, Pequim deixou claro que já não tolerará as comemorações de Tiananmen em Hong Kong e Macau, onde também se realizaram vigílias até recentemente.
Há alguns meses, 16 políticos e ativistas, incluindo Joshua Wong, o rosto mais conhecido do movimento pró-democracia de Hong Kong, foram condenados a penas entre seis e dez meses de prisão pela participação na vigília em 2020.
A antiga colónia britânica viveu em 2019 a sua pior crise política desde a transferência para Pequim em 1997, com protestos a levarem milhões de pessoas para a rua, exigindo reformas democráticas na antiga colónia britânica.
Em resposta, a China impôs em final de junho de 2020 uma lei da segurança nacional ao território, punindo atividades subversivas, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras com penas que podem ir até à prisão perpétua.
O diploma foi denunciado pelos Estados Unidos, União Europeia e organizações não-governamentais de defesa dos direitos humanos, por considerarem que põe em causa a autonomia do território e ameaça as liberdades fundamentais, ao abrigo do princípio “um país, dois sistemas”.
Desde a entrada em vigor, em 30 de junho de 2020, têm sido realizadas numerosas rusgas policiais e detenções de ativistas, forçando muitos a exilar-se, para evitar represálias por atividades que podem constituir um crime ao abrigo da nova legislação.
Em 2 de dezembro do ano passado, três figuras importantes do movimento pró-democracia, incluindo Joshua Wong, foram condenadas a penas de prisão pelo seu envolvimento nos protestos de 2019.